O inquérito da Polícia Federal aberto para investigar quem vazou para o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), e para o banqueiro André Esteves cópia da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró fecha o cerco em torno do advogado Sérgio Riera. Investigadores encontraram elementos de que o criminalista teria recebido da advogada Alessi Brandão, que defende Cerveró, cópia do termo sigiloso.
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Riera chegou a atuar como defesa de Cerveró e foi o responsável pelo acordo de delação do operador de propinas ligado ao PMDB Fernando Soares, o Fernando Baiano.
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Um inquérito foi aberto pela PF, em Curitiba, na semana passada, para apurar o suposto vazamento do documento sigiloso. Alessi é a defensora da família Cerveró e ajudou o filho a entregar para o Ministério Público a gravação que levou à prisão o banqueiro e o senador. Os dois advogados, Riera e Alessi, foram citados como supostas fontes do vazamento na conversa de mais de uma hora e meia, gravada pelo filho de Cerveró, no dia 4 de novembro, em um hotel de luxo em Brasília.
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Na escuta ambiental feita pelo filho de Cerveró são citados outros dois nomes como suspeitos de serem fonte de vazamento, o do policial federal Newton Ishii, responsável pela Custódia da PF em Curitiba, e o doleiro Alberto Youssef, que está preso desde 2014 no local.
A PF analisou os dados e chegou a indícios que levam a suspeitar que o advogado, por meio da defesa da própria família de Cerveró, possa ter fornecido as cópias da delação. Um e-mail enviado por Bernardo Cerveró para a advogada Alessi Brandão foi entregue à PF. Nele, o teor afasta a responsabilidade do agente federal no caso.
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Escuta
– O que foi vazado a gente acha que pode ter sido vazado ali de dentro, Youssef na cela com ele, uma coisa assim – diz Bernardo, em um dos trechos da reunião, diante dos questionamentos de Delcídio e do advogado sobre notícias da delação de Cerveró veiculadas na imprensa.
– O que eu tenho é o original porque a Alessi me passou e passou pra vocês – complementa o advogado Edson Ribeiro, que defendia Cerveró desde o início da Lava-Jato e foi preso na sexta-feira passada. Alessi Brandão é a outra advogada do ex-diretor que participou do acordo de delação com a Procuradoria Geral da República.
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Na gravação entregue por Bernardo à PGR, o advogado Edson Ribeiro e o filho de Cerveró citam nomes de possíveis fontes de vazamento de delação que estaria em poder de Esteves e Delcídio.
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– Só pode ter saído do escritório da Alessi, Polícia Federal ou Sérgio Riera. Saber da Alessi se ela passou pro Sérgio alguma coisa com (algo) atrás escrito – afirmou Ribeiro, em outro momento da conversa.
O criminalista Sérgio Riera não foi localizado nesta sexta-feira para comentar o caso. Na semana passada, ele negou qualquer irregularidade e afirmou que teve apenas contato profissional com o ex-diretor Nestor Cerveró.
A criminalista Alessi Brandão afirmou que não pode comentar o caso.
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*Estadão Conteúdo