A Polícia Federal prendeu cinco pessoas nesta quarta-feira (26) na operação Itamarã, contra organização criminosa que atuava na extração, intermediação, comércio e exportação ilegal de pedras preciosas, em especial, diamantes brutos e ouro.
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O grupo movimentou R$ 30 milhões em cerca de sete meses, segundo a investigação.
Itamarã é a forma como a comunidade indígena Tekoha Itamarã, de etnia Guarani, se refere aos diamantes.
Duas pessoas foram presas em Piracicaba (a 157 quilômetros de Campinas), uma em São Paulo e, uma no Distrito Federal. Duas pessoas são consideradas foragidas. Um investigado foi preso nos Estados Unidos, e a Polícia Federal aguarda cooperação internacional para prender outro investigado em Londres, no Reino Unido. Todos são brasileiros.
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No total eram oito mandados de prisão e 42 de busca e apreensão contra 32 pessoas físicas e sete empresas, nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, além do Distrito Federal.
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Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Federal de Piracicaba, onde a investigação se originou.
Também foram cumpridas medidas cautelares internacionais nos Estados Unidos, Bélgica, e Emirados Árabes Unidos, mediante cooperação policial e jurídica. Essa colaboração ainda será necessária para tentar prender um suspeito em Londres.
Investigação
Segundo o delegado Henrique Souza Guimarães, da Polícia Federal em Piracicaba, a investigação teve início em 2020 com informações repassadas à unidade de inteligência de uma pessoa da cidade fazia parte da organização criminosa relacionada a pedras preciosas.
— Passamos a acompanhar e foi feita a primeira prisão em flagrante, com a saída de quatro diamantes através do aeroporto de Guarulhos. Esse investigado foi devidamente preso e os diamantes foram avaliados em pouco mais de R$ 350.000,00.
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Depois disso, outros cinco integrantes da organização criminosa foram identificadas. Em dezembro de 2020, uma nova carga pertencente ao mesmo grupo foi interceptada no Aeroporto de Confins (MG), pela Receita Federal, desta vez, barras de ouro com destino aos Estados Unidos.
Em outra ocasião, mediante cooperação policial internacional com agentes da agência americana (Homeland Security Investigations (HSI) da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, foi possível apreender com um dos integrantes da organização, ao ingressar nos Estados Unidos, 40 diamantes brutos.
Caminho das pedras
Ainda segundo o delegado, os diamantes e o ouro eram extraídos de forma ilegal dos estados de Rondônia, Mato Grosso e Minas Gerais.
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— Esses diamantes e o ouro eram trazidos para São Paulo e para o Paraná e, posteriormente, eles tinham as suas destinações ao exterior.
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A investigação identificou remessas para a Bélgica, Estados Unidos, Turquia, Emirados Árabes, Coreia do Sul e África do Sul.
O grupo, segundo a investigação, tinha empresas abertas, algumas de fachada, e emitiam notas frias na hora de transportar as pedras e o ouro, caso fossem flagrados apresentavam esses documentos. Mas na sequência, as notas eram canceladas.
— Em cerca de sete meses a gente identificou mais ou menos R$ 30 milhões movimentados pelos integrantes da quadrilha. Conseguimos medidas judiciais para bloquear esses valores com apreensão de veículos, imóveis e demais bens de valor agregado — disse Guimarães.
Peça-chave
Os investigadores inicialmente estranharam a informação de que um dos integrantes seria de Piracicaba, no interior de São Paulo, já que o local é distante dos pontos de extração.
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Mas, com a investigação e a prisão desse empresário, verificaram que ele é “peça fundamental” na organização, já que ele tem contatos com as pessoas responsáveis pela extração, transporte, com possíveis compradores e financiadores do esquema.
Internacional
Durante a investigação, a Polícia Federal conseguiu identificar, inclusive em grupos de WhatsApp, intermediadores e possíveis compradores para os materiais.
A próxima fase da investigação vai analisar todos os materiais apreendidos, inclusive armazenados em nuvem, e programar novas operações.
*Reportagem por Francisco Lima Neto
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