A Polícia Federal (PF) encontrou documentos detalhados do plano estratégico para um golpe de Estado no Brasil. Os documentos foram encontrados em um pendrive apreendido com o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, integrante da tropa de elite conhecida como “Kids Pretos”, em Goiânia. As informações são do g1.

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O relatório da PF sobre as investigações do plano de golpe de Estado no final de 2022 aponta que a trama visava anular o resultado das eleições presidenciais para manter Jair Bolsonaro no poder. O material está na apuração da Operação Luneta, cujo o sigilo caiu nesta semana, após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O planejamento estratégico do golpe

De acordo com as investigações da Operação Luneta, a planilha encontrada no dispositivo descreve “fatores estratégicos de planejamento”. Os fatores estavam divididos em colunas intituladas “fato”, “dedução” e “conclusão”. Entre os objetivos detalhados estavam:

  • Realização de um novo pleito eleitoral;
  • Emissão de mandados de prisão contra envolvidos em supostas irregularidades no processo eleitoral;
  • Exploração global de narrativas de fraude eleitoral;
  • Convocação das Forças Armadas para garantir a execução das medidas.

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A PF afirmou que o plano utilizava a falsa narrativa de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação como justificativa para romper a ordem democrática.

Previsão de prisão de ministros

Um dos pontos no documento foi o destaque à necessidade de “realizar a prisão preventiva dos juízes supremos considerados geradores de instabilidade”. Segundo a PF, essa ação só seria possível em caso de ruptura institucional, indicando que o planejamento previa ataques diretos ao STF. Entre tarefas essenciais citadas no material estava “neutralizar a capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes“.

Crise e arcabouço jurídico

O plano também previa a criação de um gabinete central e de gabinetes estaduais de crise. A elaboração de um arcabouço jurídico, em coordenação com o Superior Tribunal Militar (STM), também constava no documento. O objetivo seria respaldar as ações militares necessárias para implementar o golpe, conforme descrito.

Esboço de discurso pós-golpe encontrado na sede do PL

Outro ponto chave da investigação é uma carta de quatro páginas encontrada em fevereiro deste ano no gabinete de Jair Bolsonaro, na sede do Partido Liberal (PL). O esboço faz duras críticas ao STF e apresenta argumentos para justificar a convocação de Forças Armadas.

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Em um dos trechos está escrito: “Afinal, diante de todo o exposto e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o Estado de Sítio; e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem”.

Conexão entre o plano e os círculos próximos a Bolsonaro

A PF destaca que o documento é um ensaio preparado para ser lido em caso de subversão do Estado democrático de Direito. Esse esboço reforça a conexão entre o plano golpista e os círculos próximos ao ex-presidente. As evidências, segundo a PF, revelam um esforço coordenado para justificar ações autoritárias sob o pretexto de defesa da Constituição e da ordem pública.

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