Entre os presos na Operação Eurotrip nesta quarta-feira, a Polícia Federal (PF) afirma que há criminosos violentos do comando armado de morros em Florianópolis e com suspeita de vínculo com uma facção criminosa.

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Para os policiais, trata-se de uma notável e perigosa migração do crime organizado em busca do filão rentável do tráfico internacional e as drogas sintéticas. Foram presas 11 pessoas e quatro ainda são procuradas. Uma delas está foragida na Espanha.

Esta nova realidade não é algo tão comum na Grande Florianópolis levando-se em conta o histórico de pelo menos 10 anos em que a PF combate as quadrilhas que agem com a remessa de cocaína ao exterior e a importação de ecstasy.

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Agora, cada vez mais bandidos perigosos estão por trás do comando da modalidade de tráfico via viagens a outros continentes e com bagagens recheadas de entorpecentes.

Na reportagem Cavalos do Tráfico, publicada em abril, o DC mostrou que integrantes do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) partiram para o tráfico de luxo, considerado o filão da moda até mesmo em bairros não elitizados de Florianópolis como a Costeira (sul da Ilha).

Ao migrar para a periferia, bandidos que costumam agir com violência seduzem assalariados de baixa renda.

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O aliciamento conta com intermediários e ocorre em vários ambientes como em torcidas organizadas de futebol e na prostituição.

Os cooptados continuam sendo os mesmos jovens de boa aparência e hoje em dia ficam sob o poder da territorialidade de criminosos dominantes em comunidades menos favorecidas.

Em Florianópolis, conforme apuraram os policiais federais na Eurotrip, isso ficou evidente na Costeira e Pantanal.

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– Essa situação é tão preocupante porque esses criminosos dominam o território e fazem a diferença no mando e desmando das pessoas – pontuou o delegado chefe de Comunicação da PF, Ildo Rosa.

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Ao longo da investigação, a PF descobriu a participação do bando com um tiroteio ocorrido na noite de 24 de abril na Costeira e em que um policial do Batalhão de Choque da Polícia Militar foi baleado num dos braços.

– Identificou-se ainda, autores de uma tentativa de homicídio contra policiais militares de SC, cuja prova será oportunamente compartilhada – escreveu o delegado Caio Pellim no inquérito.

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A suspeita da PF é que o grupo armado da Costeira seria comandado por David Ignácio Kremer, o Davi Neguinho ou Bolacha, que tomou o controle após a execução de Tiago Cordeiro, o Calcinha, em abril.

Outro líder de morro apontado pela PF (Pantanal) preso na ação é Maurício Vieira, o Reto. Ele é irmão do traficante Marcos Vieira Francisco, o Marquinhos, capturado pela Deic em 2012, na praia do Sonho, em Palhoça.

A PM participou da operação com a PF nesta quarta, mas não houve nenhum confronto. Atuaram 140 policiais federais e 50 PMs. Com os presos, foram apreendidos máquinas para embalagem a vácuo e drogas para o consumo pessoal. Nenhuma arma foi encontrada.

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Interior de mala recheada com cocaína apreendida durante a investigação.