Alguns dos empresários mais poderosos do país e executivos de empreiteiras responsáveis por obras bilionárias, passaram o fim de semana na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba (PR). Presos na sexta-feira na sétima fase da Operação Lava-Jato, 23 suspeitos de participação em esquema de superfaturamento de obras e pagamentos de propina em contratos da Petrobras, que teriam movimentado R$ 10 bilhões, prestam depoimentos desde sábado.

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Do grupo, 17 permanecerão detidos pelo menos até terça-feira, quando se encerra o prazo de prisão temporária de cinco dias decretada pelo juiz federal Sérgio Moro. A PF poderá solicitar a prorrogação, decisão que caberá à Justiça. Caso isso não ocorra, a maior parte dos suspeitos será liberada. Os outros seis envolvidos, alvos de prisão preventiva, deverão ficar mais tempo na carceragem.

Veja a lista dos presos na sétima fase da Lava-Jato

Durante o fim de semana, advogados tentaram obter habeas corpus que determinassem a soltura de seus clientes. A Justiça Federal de Porto Alegre, que abrange a Região Sul do país, negou os pedidos, alegando a robustez das evidências que constam nos autos do processo.

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Houve pouca movimentação neste domingo na superintendência da PF na capital paranaense. Pela manhã, os 23 detidos deixaram o local em um ônibus e uma van. Eles foram ao Instituto Médico Legal para fazer os exames de corpo de delito. Na saída do prédio, apenas um advogado aceitou falar.

Sem identificar o seu cliente, informou que três depoimentos foram tomados no domingo durante todo o dia. Nesta segunda, deverão ocorrer outros três, e mais quatro na terça.

No prédio da Polícia Federal, em Curitiba, movimento é baixo

Foto: CARLOS ROLLSING

Lobista disse que não se entregará

A PF informou que delegados se revezam para fazer os interrogatórios dentro do prazo de cinco dias das prisões temporárias. Outros agentes seguem trabalhando em análises de documentos.

O primeiro acordo de delação premiada com empresas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras foi fechado pelo Ministério Público Federal (MPF) com executivos da Setal. O grupo tem contrato de mais de R$ 4 bilhões com a estatal. Dois executivos do Setal, Augusto de Mendonça Neto e Julio Camargo, afirmaram ter entregue R$ 30 milhões em propina para a diretoria de serviços da Petrobras, comandada por Renato Duque, indicado pelo PT e suspeito de receber propina. Duque, que esteve no cargo entre 2003 e 2012, também está preso.

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Deflagrada na sexta-feira, a nova fase da Lava-Jato prendeu doleiros e diretores de oito das maiores empreiteiras do Brasil. Dois continuam foragidos: o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que seria operador do PMDB, e Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte. Os nomes foram incluídos na lista de alerta da Interpol. O advogado de Baiano, informou ontem que seu cliente não deverá se entregar à polícia.

O esquema de corrupção na Petrobras, segundo investigações da PF e do MPF, envolveria um cartel entre as maiores empreiteiras do país. Elas combinariam os vencedores das licitações, cobrando o preço limite. Com a ajuda de empresas intermediárias, repassavam propina a doleiros e diretores da Petrobras, que faziam o dinheiro chegar a partidos _ PT, PMDB e PP são apontados como beneficiários _ e políticos.

Localizada em uma área de pouco trânsito e cercada por árvores, a sede da PF registrou movimento mais acentuado de advogados. A maioria portava sacola com roupas, alimentos e até caixas de bombom para os detidos.

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*Com informações de agências