A Polícia Federal (PF) realiza nesta terça-feira (1º) uma nova fase da operação Carne Fraca. A ação ocorre em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. São cumpridos 68 mandados de busca. Até por volta das 9h ainda não havia informações sobre materiais apreendidos.
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As ordens judiciais foram expedidas no Paraná, pela 1ª Vara Federal de Ponta Grossa. A PF apura crimes de corrupção passiva que seriam praticados por auditores fiscais agropecuários federais em benefício de grupo empresarial do ramo alimentício.
A investigação que resultou nesta nova etapa, chamada de "Operação Romano", teria começado a partir da colaboração espontânea deste grupo, segundo a PF. Pelo menos 60 auditores fiscais agropecuários teriam sido favorecidos. A suspeita é de que R$ 19 milhões tenham sido destinados para pagamentos indevidos.
De acordo com a Polícia Federal, os valores eram pagos em espécie, por meio do custeio de planos de saúde e até mesmo por contratos fictícios firmados com pessoas jurídicas que representavam o interesse dos fiscais.
A prática teria sido interrompida em 2017, quando o grupo passou por reestruturação interna.
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A operação causou grandes prejuízos para a agroindústria catarinense e brasileira, com suspensões de exportações de algumas plantas frigoríficas para vários países em 2018, principalmente para a União Européia. Em Santa Catarina foram embargadas as plantas da BRF em Capinzal, Concórdia e Chapecó. As três chegaram a ter férias coletivas.
O vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado da Agricultura, Enori Barbieri, disse que a medida era necessária mas está preocupado com a imagem do Brasil no exterior.
– É preciso fazer uma limpeza mas isso também pode causar uma imagem negativa no exterior, pois envolve o sistema de fiscalização em denúncias de corrupção. O Brasil precisa mostrar que está agindo para corrigir isso e agir com transparência, mostrando isso para os mercados – disse.
Na avaliação do presidente da Associação Catarinense de Avicultura, José Antônio Ribas Júnior, isso é rescaldo de operações antigas e por isso o impacto não deve ser grande.
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– São problemas do passado que foram corrigidos. Os impactos devem ser pequenos mas não podem ser subestimados. Precisamos comunicar o mercado externo com clareza. Não dá para criar mais ruídos – disse Ribas.
Em Santa Catarina foi cumpridos mandados nas cidades de Chapecó, Capinzal, Herval do Oeste, Luzerna, Joaçaba, Videira, Blumenau, Balneário Camboriú, Florianópolis, Navegantes e Itajaí.
A Associação Brasileira de Proteína Animal também divulgou uma nota sobre a operação:
"Com relação à 4° fase da Operação Carne Fraca, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reitera a posição setorial pela correta investigação e esclarecimento dos fatos pretéritos.
A operação ressalta a postura do setor, que passou a investir em vigorosos programas de compliance e conformidade.
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Com isto, a cadeia produtiva de proteína animal reforça seu compromisso com os consumidores e importadores do Brasil e do mundo pela transparência e pela preservação da qualidade dos produtos."