A Polícia Federal (PF) investiga na Operação Blindagem, que levou à prisão do ex-secretário de Turismo de Florianópolis Mário Cavallazzi e outras seis pessoas nesta quinta-feira, a ocultação de patrimônio num esquema de lavagem de dinheiro no valor estimado em uma análise preliminar em mais de R$ 10,7 milhões. Em entrevista na sede da Superintendência da PF, em Florianópolis, os delegados Christian Barth e Fernando Caieron disseram que há indícios da existência de uma organização criminosa investigada por crimes financeiros, que usaria laranjas e empresas mineradoras em Santa Catarina para ocultar patrimônio. A reportagem do DC apurou que Cavallazzi é o principal investigado.

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Ex-secretário de Turismo de Florianópolis é preso pela PF

Foram cumpridos mandados de prisão em Florianópolis, Canelinha, Nova Trento e São João Batista, além de mandados de busca e apreensão nessas cidades. Entre os bens sequestrados pela Justiça Federal a pedido da PF estão apartamentos, veículos importados e caminhões. Os delegados disseram que a Operação está em sigilo e a investigação em andamento, por isso não revelaram nomes nem como seria a atuação de cada um dos investigados.

O ex-secretário teve prisão preventiva decretada, conforme o DC apurou. A informação foi confirmada pelo próprio advogado de Cavallazzi, Francisco Ferreira. O defensor afirmou que Cavallazzi nega qualquer tipo de crime.

De acordo com o delegado Christian Barth, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Verbas Públicas, e responsável pela ação, há um investigado entre os presos que é o alvo principal da operação, mas ele não apontou se é ou não o ex-secretário. A reportagem apurou que Cavallazzi é o principal investigado da PF na ação.

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— Na decisão judicial foi argumentado que existem indícios de se tratar de uma organização criminosa. Apurar de onde veio o dinheiro é um dos objetivos da operação — declarou o delegado Christian.

O nome da Operação é relacionado a questão da blindagem patrimonial. Os policiais apontaram que o alvo principal amealhou patrimônio superior a R$ 10 milhões, que foi colocado em nomes de interpostas pessoas e empresas que têm vinculação a ele. A operação busca delimitar a quem pertence esses bens de aparente ocultação. Há quebra de sigilo telefônico e telemático no inquérito.

— Essas pessoas não têm capacidade financeira, e elas não têm como demonstrar isso, para a aquisição de tais bens — comentou o delegado Fernando Caieron, de Combate ao Crime Organizado.

Denúncia anônima

A PF constatou que muitos funcionários investigados são os donos das empresas. O início da investigação se deu após uma denúncia anônima à PF em 2014, o que gerou uma investigação preliminar e o inquérito.

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Os crimes apurados são lavra ilegal de areia e argila em Canelinha, lavagem de dinheiro, ocultação de capital e sonegação fiscal, além de crimes contra o sistema tributário.

Laranjas estão colaborando

A PF informou que as pessoas indicadas como interpostas estão colaborando com as investigações. Um dos investigados já respondeu por lavra ilegal e fez transação penal na Justiça.

— Os laranjas estão decididos a colaborar. Estão dizendo por exemplo: “esse bem que está no meu nome realmente não é meu”. A investigação está sólida e agora ainda há os depoimentos — destacou Caieron.

Entre os presos há ex-servidores públicos e segundo a PF não há nesse momento nada relacionado à Prefeitura de Florianópolis. Chama a atenção, conforme a PF, de indícios de lavagem de dinheiro vinculada a um financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde teriam sido apresentados documentos falsos para a liberação do crédito.

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Apurações compartilhadas

A PF afirmou que poderá compartilhar apurações obtidas na investigação com a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil, a Delegacia de Repressão a Crimes Contra Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico da própria PF, a Receita Federal, a Advocacia-Geral da União e o Tribunal de Contas do Estado de SC.

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