A investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe após as eleições 2022 revelou que militares teriam organizado um plano de fuga para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

Originalmente, o plano começou a ser elaborado em setembro de 2021, após Bolsonaro fazer um discurso com ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, durante um ato no feriado de 7 de setembro. Depois disso, um plano adaptado da doutrina militar foi elaborado para evasão e fuga do então presidente do país, caso o ataque ao Judiciário e ao regime democrático colocasse a liberdade dele em risco.

Dados do notebook do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, identificaram uma apresentação de slides elaborada ainda em março que previa o uso do dispositivo chamado de RAFE/LAFE. Para os investigadores, as expressões seriam siglas do glossário de termos e expressões do Exército e significaria “Rede de Auxílio à Fuga e Evasão” e “Linha de Auxílio à Fuga e Evasão”. Os dois métodos seriam estratégias militares para retirar aliado de território ocupado por inimigos.

Veja as mensagens do plano de fuga de Bolsonaro

Continua depois da publicidade

Plano antecipava possíveis embates com STF

Inicialmente, o documento prevê os planos de fuga em três possíveis cenários: “STF interfere no Executivo”, “STF cassa a chapa para 22” e “STF (TSE) barra a PEC aprovada pelo Congresso do voto impresso”. A apresentação expõe a hipótese de o então presidente decidir não cumprir decisão do STF, e não receber apoio formal do Exército. Nesse caso, haveria três ações previstas para proteger Bolsonaro.

A mais extrema delas seria uma estratégia para, nas palavras da apresentação de Mauro Cid, “exfiltrar o Pr para fora do país”. Para isso, o plano previa que fossem disponibilizados armamentos e munições para uso imediato, que estariam em um cofre. O documento descreve a tática: “Armamento e munição ECD (providenciar cofre e deixar “ao alcance”). O termo “ECD”, segundo a PF, significa “em condições de” e é usada para descrever artefato que está em condições de uso imediato.

“No caso, o plano evidencia o uso de armas para garantir a fuga do ex-presidente”, resume a PF no relatório divulgado nesta terça-feira.

Segundo a PF, o plano de fuga não foi empregado em 2021, mas teria sido “adaptado e utilizado no final de 2022”, quando a organização criminosa não teve êxito no golpe de Estado planejado. Para os investigadores, após não conseguirem o apoio das Forças Armadas para consumar a ruptura institucional, Bolsonaro “saiu do país, para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 (“festa da Selma”).

Continua depois da publicidade

Leia também

Para onde vai o bolsonarismo com o indiciamento de Bolsonaro

Braga Netto teria sido “arquiteto do golpe”, aponta relatório da PF

Além da tentativa de golpe, Bolsonaro já foi indiciado em outros dois casos; veja quais