Parceira da Petrobras na área de Libra, a francesa Total está prestes a entrar como sócia em outro ativo da estatal brasileira, desta vez na Bacia de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Pedido de permissão para vender 50% da participação integral da Petrobras para a Total em quatro blocos da concessão BM-P-2, obtida em 2004, é avaliado pelo Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade).

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A tendência é de que a solicitação não seja barrada no Cade, já que a francesa não concentra mercado no Brasil. A negociação envolve quatro blocos arrematados pela Petrobras em rodadas de licitação no início dos anos 2000 e pouco desenvolvidos até agora. A estatal brasileira, no entanto, continuará como operadora. A negociação de metade dos blocos faz parte do plano de venda de ativos (propriedades, empresas, direitos) da companhia, que pretende usar os recursos para ajudar a aplicar seu plano de investimentos 2013-2017, que exige US$ 236,5 bilhões no período. Até outubro, a empresa já havia alienado ativos da ordem de US$ 4,3 bilhões. Até 2012 serão mais US$ 5,6 bilhões.

– Pode dar mais chances de aumentar a velocidade, não de diminuir (as prospecções no local) – avalia o coordenador do Comitê de Óleo e Gás da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Marcus Coester, que lembra a existência de “indícios geológicos positivos” no local.

Blocos em negociação ficam perto de Rio Grande

Na avaliação de Coester, o negócio faz sentido no atual momento da Petrobras, com dificuldades de caixa para fazer todos os investimentos já comprometidos no pré-sal e os decorrentes de sua fatia mínima de 30% nas áreas submetidas ao modelo de partilha que estreou no leilão de Libra.

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Segundo documento encaminhado ao Cade, em 30 de agosto, a Total teria apenas 2% do total de blocos em exploração hoje no Brasil, enquanto a Petrobras tem 92% da produção de petróleo e 98% da de gás natural. Segundo o Cade, não há data prevista para o julgamento, que tem 240 dias para ter uma definição a contar do recebimento do pedido, em agosto. A Bacia de Pelotas foi pouco explorada pela Petrobras, que adiou de 2012 para este ano a perfuração que pretende fazer em um dos blocos, chamado de BM-P-2.

Para perfurar um poço exploratório, a estatal precisa ainda do consentimento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A Bacia de Pelotas se estende do sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai, abrangendo toda a costa do Rio Grande do Sul. Os blocos envolvidos na negociação ficam perto de Rio Grande.

Em audiência pública realizada em julho deste ano sobre o licenciamento ambiental, a Petrobras informou a intenção de perfurar dois poços exploratórios, a uma distância de cerca de 200 quilômetros da costa, ainda neste ano, com custo estimado de US$ 100 milhões.