Após ter registrado prejuízo recorde de R$ 21,587 bilhões em 2014, a Petrobras voltou ao vermelho no ano passado. A estatal anunciou nesta segunda-feira um prejuízo líquido de R$ 34,836 bilhões em 2015, montante 61% ainda mais adverso do que o acumulado no ano anterior. Esta é apenas a segunda vez desde o início do século que a estatal reporta prejuízo anual.
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Procurada previamente, a Petrobras não soube informar se, em algum momento em seus mais de 60 anos de existência, a companhia já registrou dois anos consecutivos de resultados negativos. O resultado de 2015 teve origem no prejuízo líquido de R$ 36,938 bilhões acumulado entre outubro e dezembro, montante 38,9% pior do que o prejuízo de R$ 26,600 bilhões reportado no quarto trimestre de 2014. O prejuízo anual é explicado por uma combinação de fatores e corrobora o momento difícil enfrentado pela estatal desde 2014, quando tiveram início as investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato.
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O balanço de 2015 foi pressionado por perdas bilionárias na linha financeira, resultado da variação cambial e pela queda abrupta na cotação internacional do petróleo. Além disso, a Petrobras informou que o balanço anual foi impactado por ajustes nos ativos imobilizados, processo conhecido como impairment, no total de R$ 49,748 bilhões. A redução da demanda por combustíveis no mercado doméstico, acréscimo em despesas tributárias e maiores despesas com contingências judiciais também pesaram no ano.
A Petrobras informa que o ajuste de impairment tem origem no declínio dos preços do petróleo e no aumento das taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de investimento.O resultado de 2014 também havia sido impactado por fatores considerados extraordinários. Além da despesa financeira oriunda do efeito da valorização do dólar ante o real e de um impacto provocado pelo início de uma tendência mais forte de queda do petróleo, o balanço daquele ano foi impactado por impairment no valor de R$ 44,345 bilhões. Apenas a identificação de irregularidades em contratos provocou uma baixa de R$ 6,194 bilhões naquele ano.
A postergação e suspensão de outros projetos também trouxeram ajustes na linha de ativos imobilizados.O material de divulgação referente ao quarto trimestre de 2015 aponta que o Ebitda ajustado anual da Petrobras, número que tem sido utilizado pela companhia, atingiu R$ 73,859 bilhões, expansão de 25% em relação ao ano anterior. A receita líquida anual, por sua vez, totalizou R$ 321,638 bilhões, queda de 5% em relação a 2014.O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 28,041 bilhões em 2015, montante 619% ainda mais adverso do que os R$ 3,900 bilhões acumulados no ano anterior.
O indicador financeiro poderia apresentar despesa financeira líquida maior não fosse a adoção da contabilidade de hedge, uma prática contábil que ameniza o impacto cambial, e consequentemente financeiro, sobre as demonstrações de resultado da empresa.Apesar disso, a Petrobras informou uma perda cambial de R$ 9,240 bilhões em 2015 decorrente da depreciação de 47% do real sobre a exposição passiva média líquida em dólar, já considerados os efeitos do hedge accounting.
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Em 2014, a depreciação cambial foi de 13,4%. Além disso, a estatal teve perda cambial de R$ 2,100 bilhões decorrente da depreciação de 31,7% do real sobre a exposição passiva líquida em euro (depreciação cambial de 0,02% no exercício de 2014). No total, a perda cambial atingiu R$ 11,340 bilhões.