A Polícia Civil informou nesta sexta-feira (8) que os principais suspeitos de envolvimento na morte da técnica de enfermagem Yara Filomena Werner da Silva, de 46 anos, são pessoas próximas à vítima. Ela teve o corpo carbonizado e encontrado em Florianópolis na última segunda-feira (4), seis dias após ter desaparecido.

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De acordo com o delegado Ênio Mattos, à frente da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, os nomes alheios ao círculo social de Yara ainda podem aparecer na investigação da Polícia Civil, que segue em andamento e tem depoimentos também nesta sexta (8).

— Quem estava perto dela, são todos suspeitos. […] Esses são os primeiros, depois podem vir outros — afirmou o delegado ao ser questionado se o então marido da vítima estava entre os investigados. 

Em dezembro de 2018, Yara foi orientada pela polícia a pedir medida protetiva contra o companheiro ao registrar um boletim de ocorrência (BO), o que Yara, contudo, não levou à frente.

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O registro era parte de quase 30 ocorrências envolvendo a vítima, que foram identificadas quando o sumiço da técnica de enfermagem ainda era investigado pela Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas (DPPD). Os documentos tratavam de situações diversas, o que incluía ameaças, crises familiares e conflitos domésticos, com o atual e ex-companheiros, e não foram só registradas por Yara.

Os boletins passaram a ser revisados pela investigação de homicídios quando a hipótese de desaparecimento foi refutada, na segunda, após a Polícia Militar, acionada por um funcionário de um condomínio ainda não habitado no bairro do Itacorubi, ter encontrado o corpo de Yara carbonizado no meio de um matagal.

Até aqui, não houve pedido de prisão, ainda de acordo com o delegado Ênio Mattos. Quando questionado pela reportagem, ele não confirmou se foi obtida nova prova material. No dia de seu desaparecimento, Yara estava com um telefone celular, que, ao menos até quarta (6), não havia sido encontrado.

Antes mesmo de a vítima ser identificada, o que exigiu do Instituto Geral de Perícias (IGP) um exame pela arcada dentária, já que não era possível sequer reconhecer o gênero do corpo, a delegacia já se mantinha de sobreaviso sobre uma possível morte, por entender que o perfil de Yara não indicava um desaparecimento por vontade própria.

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A vítima era uma profissional ativa no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), onde atuava desde 2006, e uma mãe muito apegada aos três filhos — uma menina, de sete anos, e dois meninos, de 12 e 14 anos, este último portador de paralisia cerebral.

Para entender o perfil dela, a Polícia Civil passou a conversar com familiares e colegas de trabalho da vítima, de maneira também informal, no último dia 31, quando foi registrado o desaparecimento pela família. Yara havia saído de casa na tarde de 29 de março para ir ao trabalho, segundo familiares relataram à polícia, mas não chegou a aparecer no local desde então. 

Na manhã da última terça (5), a família comunicou que o corpo não seria velado, apenas sepultado no Cemitério Municipal Itacorubi São Francisco de Assis. No mesmo dia, o Colégio de Aplicação da UFSC, onde os filhos de Yara estudam, suspenderam as aulas em manifestação de luto.

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