Para que uma instituição de ensino superior possa ser chamada de universidade, ela precisa oferecer mais do que diplomas de graduação: é essencial fomentar a pesquisa por meio da iniciação científica e da investigação em sala de aula, além de contar com grupos de pesquisa de programas de mestrado e doutorado. Deve também oferecer diversos projetos de extensão, aqueles que levam conhecimento, cultura, saúde e outros benefícios especialmente para a comunidade que vive nas regiões onde cada universidade está presente.

Continua depois da publicidade

Na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), que possui campi em seis cidades catarinenses, o tripé ensino-pesquisa-extensão permite que uma série de inovações desenvolvidas por professores e alunos da instituição cheguem até a comunidade. Além disso, há projetos especialmente criados para aproximar jovens em idade escolar do mundo da ciência, algo extremamente importante para o desenvolvimento econômico e social de um país como o Brasil, onde apenas 10,3% dos estudantes encerram o ensino médio com conhecimentos adequados em matemática, física e química.

https://www.nsctotal.com.br/especiais/educacao-transforma
(Foto: Divulgação)

Sem bicho de sete cabeças

O Ciência Móvel, criado em 2014 no campus da Unisul em Pedra Branca, Palhoça, já visitou mais de 30 escolas públicas em 13 municípios da Grande Florianópolis, além de participar de eventos como o TEDxFloripa em 2019. Em um caminhão adaptado são levados materiais para a realização de várias oficinas com foco no meio ambiente, como produção de biodiesel com óleo de fritura, aquecimento de água a partir de energia solar com uso de materiais reciclados e extração de óleo essencial a partir de rejeitos, como cascas de laranja. Cada oficina desperta a curiosidade de meninos e meninas de uma forma que, muitas vezes, as escolas não conseguem oferecer.

"Esse tipo de projeto de extensão busca mostrar que ciências exatas não são um bicho de sete cabeças. Trabalhamos de forma divertida com temas que articulam teoria e prática", explica a engenheira e professora Anelise Cubas. Segundo ela, a dificuldade em assimilar conteúdos de matemática, química, física e outras ciências exatas faz com que até 50% dos estudantes matriculados numa graduação na área desistam no primeiro ano. "Se trabalhados de melhor maneira, com valorização e investimento na formação dos professores no ensino médio e uma relação mais próxima com a universidade, dá pra preparar melhor esses alunos", avalia a docente da Unisul.

Continua depois da publicidade

Algo que chamou a atenção da professora ao longo deste tempo de execução do projeto foi o fato de que muitos meninos e meninas nem vislumbravam que era possível ir para uma universidade. "Muitos não sabiam sequer da existência de uma universidade perto deles. E como nossos bolsistas sempre foram de escola pública, é sempre uma forma de mostrar para eles que isso é possível. É alguém com a mesma história", revela a professora. O gratificante é encontrar alguns desses jovens frequentando a Unisul alguns anos depois.

Além do Ciência Móvel, um outro projeto semelhante busca colocar a possibilidade de uma carreira nas áreas de exatas, engenharia ou computação no radar de mais meninas do ensino médio. "As Engenharias e a Computação no Universo Feminino" tem como objetivo desmistificar essas profissões como algo exclusivo ao universo masculino. "No Brasil, 30% das jovens busca se formar na área da Saúde. Queremos abrir mais o leque de opções para elas, mostrar que há mais caminhos", afirma a professora Anelise Cubas. Foram quatro oficinas em 2019, além de presença em eventos e feiras de ciências nas escolas participantes do projeto.

Mundo sustentável

Já o professor Júlio César de Oliveira Nunes coordena uma série de projetos voltados à sustentabilidade na Horta da Unisul, em Tubarão. Vinculados aos cursos de Agronomia e Biologia, eles geram conhecimento para os alunos e também para a economia e comunidade regional. "A gente repassa a tecnologia que desenvolvemos, fazemos consultorias gratuitas com os produtores rurais da região. Além disso, doamos os alimentos produzidos para asilos, albergues e pastorais", conta o docente. Este ano, em uma safra de três meses, mais de 300 quilos de tomates foram destinados a essas instituições de caridade.

Além de estufas para o cultivo com técnicas de hidroponia, que usa água de maneira cíclica, sem desperdício, para cultivar alface, rúcula, salsinha e outros, a Horta Unisul também está criando um projeto de aquaponia usando um pequeno açude – depois de uma primeira fase de testes usando uma caixa d'água de 500 litros. É um processo parecido com o da hidroponia, mas que usa material orgânico de uma lagoa com peixes para irrigar a plantação, usando uma pequena bomba para fazer a água circular. "Está faltando comida no mundo, e temos projetos para hortas urbanas, diminuição do uso de defensivos agrícolas. Imagina o potencial de produção se usarmos lagoas dessa forma para produzir alimentos", analisa o professor Julio.

Continua depois da publicidade

Os estudos com hidroponia, por outro lado, contam com uma parceria com a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, para desenvolver sistemas possíveis de utilizar dentro de casas e apartamentos. "Nossos estudantes hoje querem muito trabalhar na questão do orgânico, do sustentável. As ideias partem deles", revela o docente.

Mestrados e doutorados

Para a coordenadora dos grupos de pesquisa da Unisul, Gisele Mazon, o principal desafio das universidades é fazer com que os estudantes se apropriem do processo científico para alcançar suas metas profissionais. "Precisamos auxiliar o jovem dos dias de hoje a transformar a plêiade de informações disponíveis em produção de novos conhecimentos, novos produtos e até mesmo novas tecnologias", afirma.

Na Unisul, além dos programas de iniciação científica e do estímulo à pesquisa dentro de sala de aula, são oferecidos cinco programas de pós-graduação stricto sensu. Todos eles, com exceção de Ciências Ambientais, contam inclusive com doutorados: Ciências da Linguagem, Ciências da Saúde, Administração e Educação. Parceira desde o final do ano passado do Grupo nima Educação, a universidade catarinense também oferece bolsas e programas voltados para a pesquisa, mantidos com recursos internos e externos.

Acesse o canal Educação Transforma e veja mais sobre como o ensino superior pode mudar vidas.

Continua depois da publicidade