Depois de três dias de colóquio internacional do vinho em Florianópolis, professores franceses que participaram do evento, entre eles Maria Gravari-Barbas, diretora da cátedra “Unesco: Cultura, Turismo e Desenvolvimento, da Universidade de Sorbonne”, partiram na sexta-feira para um roteiro por cinco vinícolas catarinenses.

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O Diário Catarinense está acompanhando a viagem e aproveita para entender o cenário econômico atual das vinícolas de Santa Catarina, empresas de fundação recente e com foco na qualidade das bebidas.

No primeiro dia, as vinícolas visitadas foram a Monte Agudo, Villa Francioni e a Sanjo, todas em São Joaquim. Apesar da proximidade geográfica, as três passam por momentos diferentes de desenvolvimento.

A Monte Agudo, por exemplo, fundada em 2005, ainda tem uma produção pequena, em torno de 20 mil garrafas ao ano. Enquanto isso, a vizinha Vila Francioni coloca por ano no mercado 150 mil garrafas de vinho e a Sanjo, 90 mil.

Mas algumas características de mercado são comuns às três vinícolas. Além da produção de vinhos de altitude, com foco na qualidade, a primeira é que as empresas estão investindo no potencial turístico do negócio.

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Leônidas Ferraz, médico e proprietário da Monte Agudo, conta que investiu R$ 500 mil no espaço que desde julho deste ano recebe os turistas. De acordo com ele, o investimento já deu um retorno além do esperado: o segundo semestre de 2013 vem registrando um incremento de 25% nas vendas.

Já a Villa Francioni, como explica o enólogo Nei Geraldo Rasera, foi pensada desde o início como um local de visitação. A construção da área de processamento do vinho em quatro níveis de solo além de aumentar a qualidade da bebida, oferece para o turista um passeio agradável pelas etapas de produção. Rasera afirma que a vinícola recebe hoje de 10 a 15 mil visitantes ao ano, que representam 25% das vendas anuais da Villa Francioni.

Construída por japoneses, a Sanjo destoa do clima familiar das outras vinícolas de São Joaquim. Suas instalações modernas produzem 90 mil garrafas de vinho ao ano, mas também processam maçãs e sucos. Os dois últimos produtos se tornaram os campeões de venda da cooperativa, especialmente depois da parceria com a Disney há três anos.

A visitação de turistas ainda assim é representativa. A Sanjo recebe em sua loja 40 mil visitantes ao ano.

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Assim como as outras empresas, a Sanjo destina seus produtos somente para o mercado interno. A auxiliar administrativa Fernanda Abadia Martins conta que a empresa parou de exportar maçãs ao perceber que era menos custoso abastecer o mercado brasileiro, capaz, além disso, de absorver toda a produção.

Os principais mercados da Villa Francioni são Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, nesta ordem. Segundo Rasera, há uma discussão com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) na tentativa de abrir um primeiro mercado internacional para a vinícola.