Os pesquisadores do Centro de Educação Superior da Região Sul (Ceres) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Laguna, estão preocupados depois que uma nova morte de toninha foi confirmada no Estado. Em 2014, dois desses animais marinhos morreram por conta de uma craca que se fixa nos dentes e os impede de se alimentar. Os casos são raros e afetam a espécie de golfinho que já corre risco de extinção.
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Os dois registros são os primeiros no mundo em que a craca – que agora pode passar a ser considerada um parasita – provocou a morte desses bichos. Outros dois casos mundiais foram registrados, mas sem que a hospedeira impedisse a alimentação: um em 1969, no Oceano Pacífico, e outro em 2012, em Florianópolis.
Foto: Acervo do Laboratório de Zoologia do Ceres/Udesc
De Santa Catarina para o mundo
A intenção dos pesquisadores do Ceres, que estudam a nova relação ecológica entre o cetáceo e a craca, é tornar os dois casos conhecidos pelo mundo científico. Assim, profissionais de diferentes países vão poder trocar experiências e buscar juntos as soluções para o problema.
– Nas pesquisas feitas até agora, outros três casos de morte pela craca foram registrados no mundo, mas em espécies diferentes. A proposta do trabalho é fazer a descrição das ocorrências aqui de Santa Catarina para ver se há outros registros mundiais – pondera o professor Pedro Volkmer de Castilho, do curso de Engenharia de Pesca da Udesc.
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Neste sentido, um artigo está sendo produzido pela equipe do Laboratório de Zoologia do Ceres para ser publicado até setembro na Marine Biodiversity Records.
– Tem muitas perguntas a serem respondidas, como as formas de combate, mas maneiras de prevenção, onde a craca se prolifera mais, em qual temperatura. São variáveis que precisam ser avaliadas com cuidado – acrescenta o professor, que coordena a iniciativa.
Foto: Acervo LabZoologia, Udesc
Espécie corre risco de extinção
A toninha (cujo nome científico é Pontoporia blainvillei) é uma espécie pequena de golfinho que é encontrada no litoral do Oceano Atlântico Ocidental desde o Espírito Santo até a Argentina. Ela corre risco de extinção e tem um ciclo reprodutivo longo – de 11 a 12 meses.
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– A toninha é considerada uma das únicas espécies de pequenos golfinhos ameaçadas de extinção. Por isso, investimos nesses estudos, por conta dessa preocupação. Qualquer bicho que morre, para nós, é uma perda significativa. Sem contar que os animais não morreram em rede de pesca ou porque foram atropelos. Essa é uma morte lenta e gradativa. Elas morrem de fome, por serem impedidas de se alimentar – alerta Castilho.
O animal já é bastante afetado pela poluição dos oceanos – por estar no topo da cadeia alimentar, concentra toda a poluição a que os animais que comeu ficaram expostos – e pela pesca acidental. A morte pelas cracas pedunculares – que se fixam em ossos e outras superfícies duras – é, segundo o pesquisador, mais perigosa, pois as formas de combate e prevenção, e condições em que se proliferam ainda são desconhecidas.
Novo caso de toninha morta no Estado
Depois da toninha que foi encontrada morta em maio de 2014, outra fêmea de 1,17 metros morreu no dia 11 de junho. O bicho apresentava as mesmas características da anterior. A craca – que não é originária do Brasil, mas que é encontrada em todos os oceanos – se fixou nos dentes do animal e se proliferou a ponto de impedir que o golfinho se alimentasse.
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O mamífero aquático foi encontrado por moradores da praia de Itapirubá Norte, em Imbituba, no Sul de Santa Catarina. Eles chamaram os policiais ambientais da região, que encaminharam o animal para o Ceres/Udesc.
O que fazer ao encontrar um animal marinho?
Se avistar um desses animais em praias da região de Laguna ou Imbituba, ligue para a Polícia Militar Ambiental no (48) 3644-1728. Em outras regiões, ligue para a Central da Polícia Militar no 190, que encaminhará o caso para o batalhão responsável pela ocorrência.