Colônias de pouco mais de três centímetros de diâmetro podem representar um grande risco para a biodiversidade marinha de Santa Catarina. Descobertas de novos focos da espécie invasora Coral-sol, inclusive em outra ilha da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, preocupam pesquisadores no Estado. A espécie, que foi encontrada pela primeira vez em SC em 2012, já soma mais de 1,2 mil colônias no Estado. Quase todas já foram retiradas do oceano.
Continua depois da publicidade
Neste verão, pesquisadores encontraram pelo menos 100 colônias na Ilha do Arvoredo, e duas, na Ilha da Galé.
– É preocupante porque mostra que tem foco não só na Ilha do Arvoredo, mas em pelo menos outra ilha dentro da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. Inicialmente achamos que estava concentrado em um ponto, mas agora só na Ilha do Arvoredo temos quatro pontos – afirma Alberto Lindner, responsável pelo monitoramento de espécies exóticas e invasoras do projeto Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno (MAArE), executado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Alberto Lindner e exemplares do Coral-sol.
Continua depois da publicidade
Foto: Betina Humeres
Lindner explica que a espécie é originária do Oceano Pacífico e possivelmente chegou ao Atlântico trazida em cascos de navios. O primeiro ponto em que foi encontrada no Brasil foi o Rio de Janeiro, área mais atingida pela espécie invasora. Em 2008, surgem os primeiros focos em São Paulo. Depois disso, aparecem no Espírito Santo, Bahia e Santa Catarina, ponto mais ao Sul na costa brasileira onde já foi encontrado.
Simone Siag Oigman Pszczol, coordenadora geral do Projeto Coral-Sol do Instituto Brasileiro de Biodiversidade, afirma que em 2006 a estimativa é que no Rio de janeiro eram mais de 3 milhões de colônias, com pontos que chegavam a ter 700 colônias por metro quadrado:
– Precisamos controlar e erradicar para conservar a biodiversidade marinha. Em Ilha Grande, no Rio de Janeiro, pode prejudicar até o turismo, porque pesquisas apontam que locais com maior diversidade são mais procurados por mergulhadores. No Rio de Janeiro, não temos previsão de erradicação, porque está tomado pela espécie, mas o ideal é erradicar o quanto antes para prevenir novas instalações.
Continua depois da publicidade
O Coral-sol expulsa as espécies nativas do paredão rochoso, incluindo algas e esponjas, por exemplo, e pode impactar na cadeia alimentar de peixes. No Rio de Janeiro, ele ainda causa a necrose de outro coral. Para dificultar o processo de controle da espécie, a retirada é manual, sendo feita com marreta, e o coral pode viver por décadas. Além disso, há registro de poucos organismos que são predadores da espécie.
Para Alberto Lindner, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, ainda não há indícios de que a espécie esteja se expandindo fora da área da Reserva do Arvoredo e no entorno, porém o monitoramento deve ser constante:
– Não podemos ficar um verão sem monitorar, senão perdemos o controle e a espécie pode ampliar sua distribuição no Estado. Se não controlamos, pode chegar um momento que isso não é mais possível. Esse coral tem potencial de causar grande impacto em SC, mas tudo indica que é uma bioinvasão em estágio inicial, que começou há cerca de quatro a sete anos – explica.
Continua depois da publicidade