Inspirados pelas semelhanças entre o ambiente antártico e as condições em missões espaciais, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) se preparam para uma expedição inédita à Antártica. O objetivo é testar protocolos de saúde e segurança em condições extremas em uma missão prevista para ocorrer em novembro de 2025. O estudo conta com a participação de mais de 50 profissionais de 10 países diferentes.
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— Temos uma empresa que vai ceder alguns protótipos de trajes espaciais que serão utilizados na Estação Espacial Internacional justamente pra gente poder entender como é a questão da restrição de mobilidade e como as pessoas conseguem ficar tanto tempo dentro daquele roupa. Porque temos a questão da claustrofobia, além de outros aspectos que estão ali envolvidos — explica Paola Barros Delben, idealizadora do projeto e pesquisadora da UFSC, ao NSC Total.
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Além de problemas que podem surgir com os trajes espaciais, questão relacionadas a saúde mental, comunicação dos astronautas e interação de grupos também serão avaliadas na pesquisa.
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— O principal desafio atualmente de viagens espaciais é fazer com que as pessoas consigam se comunicar. Precisamos entender que, depois de uma semana, está tudo bem, está todo mundo feliz, empolgado com a experiência, mas depois de um tempo na missão, as pessoas começam a apresentar alguns sintomas de mau humor, cansaço propriamente dito, alterações do sono. A gente busca encontrar algumas estratégias para prevenir esses problemas e intervir de maneira precoce — diz.
Projeto inédito
Carioca e moradora de Florianópolis desde 2002, Paola é psicóloga formada pela UFSC e já participou de sete expedições à Antártica desde 2014, sendo a primeira mulher civil a participar de um voo de lançamento de carga durante o inverno. Segundo ela, o projeto previsto para ocorrer no final de 2025 é considerado inédito por ser o primeiro a unir missões polar e espacial, com foco em saúde e segurança dos astronautas. A expedição vai durar 20 dias.
— Já existiram projetos em que eles aproveitavam, por exemplo, algumas bases na Antártica para fazer algumas simulações espaciais, mas não com esse propósito. Essa é a primeira vez que é feito com um foco totalmente em aspectos psicológicos e médicos. Teremos uma equipe de médicos, psicólogos e outros profissionais da saúde acompanhando — fala Paola, que além de ser a idealizadora, vai participar da missão como uma das astronautas.
O projeto, nomeado de Shadow of Shackleton, em homenagem ao explorador polar, envolve mais de 50 pesquisadores de 30 instituições diferentes, representando mais de 10 países. A biomédica, divulgadora científica e embaixadora da Agência Espacial Brasileira, Lorrane Lovlet, que se prepara para se tornar a primeira astronauta mulher do Brasil, também fará parte da pesquisa. Além disso, uma equipe de cineastas vai acompanhar os membros para produzir um documentário sobre a expedição.
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A equipe da UFSC é composta por: Priscilla Barros Delben e a graduanda Natasha Barros Delben, irmãs de Paola. Daniela Silvestre, médica de expedições, o doutorando Esdras Almeida e Jorge Landeatta, todos supervisionados pelo professor Roberto Cruz.
Conforme Paola, além de contribuir com avanços tecnológicos e científicos, o projeto reflete o compromisso internacional com a cooperação científica e a busca por soluções que podem beneficiar tanto missões espaciais quanto a gestão de crises em contextos terrestres.
Veja fotos de outras expedições à Antártica feitas por Paola
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A menos de um ano para a expedição acontecer, os pesquisadores buscam por patrocinadores que viabilizem a execução da missão. Interessados podem entrar em contato com Paola via email (p.barros.delben@gmail.com) ou com o laboratório (fatorhumanolab@gmail.com), coordenado pelo professor Roberto Cruz, da UFSC.
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