Uma carta aberta de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ao governador Carlos Moisés critica as medidas adotadas pelo Estado até agora no combate da pandemia e aponta uma série de sugestões para frear o avanço do coronavírus em SC. O documento é assinado pelo Departamento de Saúde Pública da UFSC e outros 14 programas de pós-graduação, núcleos e grupos de pesquisa.
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Os pesquisadores apontam que as taxas de ocupação nas UTIs estão em níveis preocupantes e no período entre 20 de junho e 20 de julho o número de casos de covid-19 em SC subiu 3,2 vezes e as mortes cresceram 93%. O grupo afirma que a pandemia “está fora de controle” e que a proposta de delegar o poder aos municípios, regionalizando as decisões contra o coronavírus, “claramente não funcionou”.
O texto afirma que “as ações do governo estadual têm se caracterizado por um forte estímulo para a volta a uma suposta normalidade em um momento absolutamente anormal”, citando a retomada do transporte coletivo e a reabertura de serviços não essenciais. Com isso, os pesquisadores analisam que o cenário para as próximas semanas deve ser de aumento ainda maior nos casos e, por isso, “um lockdown pode ser necessário”.
Como medidas para frear o avanço do coronavírus em Santa Catarina, os pesquisadores da UFSC sugerem um esforço do Estado e de empresas para ampliar a testagem dos catarinenses, e afirmam que é necessário um protagonismo maior do governo estadual, repensando as decisões regionalizadas.
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A carta aberta lista também entre as sugestões que o Estado reconstrua o grupo de enfrentamento à pandemia, com uma comissão que tenha 50% dos membros da área da saúde, ao invés de representantes da Fazenda e de grupos econômicos. É recomendado, também, que o governo reforce em campanhas rádio, TV, internet, etc, o objetivo e a importância das medidas de isolamento social para a população.
Em relação aos setores econômicos, os pesquisadores citam exemplos de países como a Alemanha, onde após o lockdown os restaurantes estão registrando movimentação superior que o ano passado, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, o movimento é 60% menor nas idas e vindas das restrições.
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“É preciso ter claro que o que causa depressão econômica nesse momento não são as ações de distanciamento social, mas a própria epidemia. Assim, a forma mais eficaz de reativarmos a economia e salvarmos empregos é controlar a doença”, diz a carta.
Por fim, os pesquisadores afirmam que “a política do governo do estado precisa mudar radicalmente no sentido do protagonismo político”. A carta critica o presidente Jair Bolsonaro ao dizer que “o Brasil já não pode contar com o governo federal nesse papel de liderança”, mas Santa Catarina “ainda pode contar com o protagonismo do seu governador”.
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