Nesta quarta-feira a Região Sul do país dá a largada oficial para mais uma safra de tainha, mas um estudo que monitorou a espécie por uma década alerta: há menos peixes no mar.

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A informação, que até então não passava de uma mera suspeita dos pescadores, foi confirmada há poucos dias por um grupo de pesquisadores da Univali, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), do Instituto da Pesca de Santos e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que, juntos, formam o Projeto Tainha.

De acordo com a pesquisa, a natureza não está conseguindo repor a quantidade do peixe retirada do mar pela pesca. A notícia preocupa pescadores e especialistas, principalmente porque a tainha ocupa atualmente a quarta posição em relação à produção de pescados mais importantes do país – perdendo apenas para a sardinha, a corvina e o bonito listrado (o tipo de atum vendido em latas), conforme o Ministério da Pesca.

O motivo para isso ocorrer, porém, ainda é desconhecido. Segundo o coordenador do estudo em Santa Catarina, o doutor em Ciências Naturais Paulo Ricardo Schwingel, que também é pesquisador em Oceanografia e Engenharia Ambiental, existem apenas duas causas que poderiam explicar o sumiço das tainhas: a mortandade pela pesca e pela amostra natural – o que ainda está em estudo. A questão faz parte de uma segunda etapa do projeto, já iniciada e que deve apresentar resultados no próximo ano.

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– Ainda não sabemos dimensionar quais são esses aspectos naturais que as matam e o quanto cada uma das causas colabora para o desaparecimento da espécie – explica o pesquisador.

Temerosos depois de uma das piores safras dos últimos 10 anos, os pescadores artesanais começam a temporada de 2013 com baixas expectativas. A partir de hoje eles esperam capturar do mar ao menos o dobro de tainhas do ano passado – o que representa apenas 800 toneladas do peixe e também é um volume considerado baixo, em comparação às 2,1 mil toneladas pescadas em 2007.

– Se chegar a 1,2 mil toneladas, já é uma ótima safra – brinca o presidente da Federação dos Pescadores Artesanais de Santa Catarina, Ivo da Silva.

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Que peixe é esse?

A tainha vive nas águas na Lagoa dos Patos e do Rio da Prata, entre o Uruguai e a Argentina, e só sai desse ambiente para reproduzir-se. E esse processo tem início quando a temperatura começa a cair. É como se isso fosse um gatilho, que as dispara em direção às águas quentes do Norte para desovar.

É no trajeto, ao passar pelo litoral catarinense, que são capturadas. Cerca de 60% das tainhas pescadas no litoral brasileiro são capturadas no litoral catarinense.

Conforme a pesquisa, especialistas descobriram que a tainha desova principalmente entre as regiões de Itajaí a Paranaguá (PR), onde encontram condições ambientais ideiais para reproduzir. porém, os pesquisadores não tem ideia até onde os peixes vão. Eles descofiam que seja até a região norte do estado de São Paulo.

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