Poucos sabem, mas Olavo Bilac não foi apenas poeta. Produziu também crônicas sobre a sociedade brasileira da virada do século 19 para o século 20, período em que o país passava por intensas transformações culturais, políticas e econômicas. Publicados em jornais da época, os textos servem de condutor para o livro Imprensa e Belle Époque: Olavo Bilac, o Jornalismo e suas Histórias, de Marta Scherer.

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O autor de versos como Ora (direis) ouvir estrelas! também teve seu lado mundano como escritor. Em textos de tom irônico, nos quais tecia críticas sem perder o humor e a objetividade, o príncipe dos poetas brasileiros ajudou a traçar um panorama do jornalismo e da imprensa brasileira durante a chamada Belle Époque.

– É importante conhecermos essa história para saber como as coisas chegaram aonde estão hoje. Além do mais, a história da imprensa também é a história do Brasil – destaca a autora, Marta Scherer.

Para ela, as crônicas de Bilac são especialmente relevantes, já que apresentam de forma clara e direta o olhar aguçado do autor sobre a época em que vivia. O livro é fruto da pesquisa de Mestrado da jornalista e professora, que recebeu o Prêmio Adelmo Genro Filho de melhor dissertação em 2008. De acordo com ela, o trabalho foi adaptado a uma linguagem menos acadêmica para o lançamento em formato de livro.

Como muitos de seus colegas literatos, Bilac teve que escrever para os jornais como forma de subsistência. Era o caso também de Euclides da Cunha, que, na mesma época, lançava Os Sertões, e do próprio Machado de Assis. Publicadas entre 1895 e 1908, as crônicas trazem informações sobre a rotina dos jornalistas, o trabalho dos repórteres e as transformações gráficas pelas quais os periódicos passavam na virada do século.

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– Em linguagem acessível e objetiva, sem muita enrolação – ressalta Marta.

Bem diferente da perfeição estética que Bilac buscava em seus sonetos.