Uma biografia de Dom Pedro II escrita por Machado de Assis foi encontrada pela pesquisadora Cristiane Garcia Teixeira, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
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Segundo Cristiane, o texto já era conhecido, mas ainda não havia sido atribuído a Machado de Assis, um dos mais célebres escritores do país e autor de romances como “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
A biografia do então imperador brasileiro foi publicada em 6 de novembro de 1859 em “O Espelho: revista de literatura, moda, indústria e artes”.
— Machado de Assis tinha 20 anos de idade quando começou a escrever nesta revista. Ele foi o colaborador mais assíduo, escreveu 38 textos em apenas quatro meses — relata a Cristiane.
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Ouça a entrevista de Cristiane ao Estúdio CBN Diário:
O texto foi encontrado durante a pesquisa para a dissertação “Um projeto de revista n’O Espelho: literatura, modas, indústria e artes (1859-1860)”. O trabalho da pesquisadora virou o artigo “M’achado biógrafo: da investigação de uma revista a um texto inédito”, e foi publicado na revista “ArtCultura”.
— É o resultado da análise que fiz do espaço geográfico do impresso: investiguei como os autores e seus textos se movimentavam dentro da revista, como se formou o quadro editorial do ‘Espelho’, juntamente com a análise de outros impressos que possuíam os mesmos colaboradores, ou seja, que faziam parte do mesmo grupo dos colaboradores — diz Cristiane.
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Conforme a pesquisadora, a biografia escrita por Machado de Assis já traz alguns dos traços que ele desenvolveria em outros clássicos, como o fato de ter sido escrita em primeira pessoa.
— Já é possível perceber o negaceio na escrita do jovem Machado que alertava para o fato de não estar escrevendo sobre o imperador a partir de uma perspectiva política porque o ‘cálculo’ e a ‘conveniência’ não permitiam que fizesse isso — comenta.
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A pesquisadora destaca que “podem existir ‘textos escondidos’ em periódicos antigos”, e que eles “podem mudar a maneira como trabalhamos a história da imprensa, literatura e dos intelectuais do século XIX”.
— Sempre tem algo a se encontrar: as páginas amareladas da imprensa oitocentista são, em minha opinião, baús de tesouros.
Ela avalia que ainda existem análises a serem realizadas e outras questões a serem respondidas a respeito da biografia, como os objetivos e motivos que levaram Machado de Assis a escrevê-la.
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