O lúpulo é um dos principais ingredientes da cerveja, responsável pelo sabor amargo. O cultivo no Brasil ainda é muito pequeno e sem condições de atender à demanda das fabricantes, cuja produção total coloca o país como o terceiro maior mercado cervejeiro no mundo. A planta usada como matéria-prima vem quase toda da Alemanha e dos Estados Unidos.

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Em Lages, a Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo), com sede na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), foi criada em 2018 para tentar reverter esse quadro. Uma das fundadoras, a engenheira agrônoma Mariana Mendes Fagherazzi, defendeu no dia 14 de fevereiro a primeira tese a abordar especificamente o cultivo da planta no Brasil.

Segundo a pesquisadora, não existe uma data exata para marcar o início do plantio no país, porém há relatos de que imigrantes europeus começaram uma pequena produção ao se instalarem em Nova Petrópolis, na serra gaúcha. Com o crescimento no número de cervejarias nos últimos dez anos, o movimento lupuleiro se intensificou no país.

— A indústria cervejeira não quer apenas quantidade de lúpulo, mas também qualidade. E isso o Brasil está conseguindo ter tanto nos estados do Sul e Sudeste, até mesmo em regiões do Norte e Nordeste — declarou Mariana.

O Brasil importa mais de 3 mil toneladas da planta por ano — o país depende praticamente 100% da importação. Com a tese de doutorado pela Udesc, "Adaptabilidade de cultivares de lúpulo na Região do Planalto Sul Catarinense" (orientada pelo professor Leo Rufato), Mariana tratou da adaptação de quatro cultivares em diferentes microclimas, em campos localizados na parte serrana do estado.

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— A cultura do lúpulo não é ensinada nos cursos de Agronomia. O que nós sabemos hoje são informações obtidas em livros estrangeiros e em conversas com produtores. Esse manejo técnico ainda apresenta um pouco de entrave no Brasil. O ciclo produtivo da planta que se desenvolve na região de Lages é diferente do que em outras áreas no país — explicou a pesquisadora.

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