Tudo começou com os irmãos Júlio e Odilon Stephanes, que vieram de Curitiba (PR) e fundaram o Fantástico Clube no dia 15 de fevereiro de 1984, na Avenida do Estado, em frente à Praça das Bandeiras. Miriam Ruschel Friedrich, nascida em Iporã do Oeste (SC) e Djalma Correia de Lima, de Pinhalzinho (PR), que nos anos 80 moravam em Porto União (SC), chegaram à casa como gerentes. Mas como os irmãos se afastaram, o casal tomou a dianteira do clube e passaram a ser os proprietários a partir do ano seguinte e responsáveis pelo auge do local.

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Ambos passaram a conhecer melhor a estrutura da casa e contrataram os maiores cartazes nacionais dos anos 80. Vários shows de sucesso ocorreram, tais como: Chitãozinho e Xororó, Rosana, Trio Parada Dura, Roberta Miranda, Dominó, Trio Los Angeles, Renato e Seus Blue Caps, Trem da Alegria, Bolinha e suas Boletes (falecido apresentador Edson Cury), Sula Miranda, Marquinhos Moura, Gilberto Gil, Sandra de Sá, o humorista Costinha, João Mineiro e Marciano, Carmen Silva, Elymar Santos e tantos outros.

Concurso de dança do clube

O perfil do Fantástico era relacionado a atuações no ramo de shows e diversões, promovendo grandes espetáculos, com artistas de renome nacional, assim como eventos filantrópicos e beneficentes, como o do Lar dos Velhinhos, para crianças carentes e toda a comunidade desamparada. Sobre as crianças, Miriam lembrou do Natal da Criança Pobre, uma festa que tinha uma participação em massa das crianças da comunidade, com direito à doação de presentes, lanche com pipoca e refrigerante e concursos feitos com elas.

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Tanto que em um dos eventos, chegou a atingir à marca de 6 mil crianças atendidas em um só evento. Também eram de grande apelo popular a festa junina, que tinha concursos para a maior fogueira, com dança caipira; o carnaval, que tinha uma participação em massa do público e as gincanas, que Miriam, na época de seu comando, fez um total de oito, e a prefeitura ajudava muito nesse quesito.

Luiz Carlos Lorenz Antunes, ao comentar sobre isso certa vez, se recorda que a cidade inteira de Balneário Camboriú parava quanto tinha um evento desse porte. Isso também ocorria com o jantar dançante de quinta-feira – que cada vez tinha um cardápio diferente e com muitas brincadeiras, reunindo a alta sociedade balnear -, com os bailinhos de sextas e sábados e a tarde dançante de domingo – que eram matinês onde crianças e jovens dançavam e durava certa de quatro horas. Também havia os concursos de dança, grande passatempo da juventude daqueles idos e também a festa dos trabalhadores, momento que uma vez o cantor Gaúcho da Fronteira fez um show gratuito para os trabalhadores balneares.

Troca de dirigentes

A antiga Revista Realeza, por sua vez, via Miriam Ruschel Friedrich como uma pessoa visionária e de grande êxito na comunidade, por causa do grande destaque empresarial e carisma. Ela inclusive se candidatou a vereadora, mas sem tanto êxito. A antiga publicação fez os dois primeiros aniversários ali, com desfile das modelos que já haviam sido capa, além de ser palco da escolha da Garota Julifest, entre 1990 e 1993, da Miss Turismo, em 1991, além de promover aulas de dança e bailes gaúchescos.

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Festa infantil no Fantástico

Na época, atuaram como DJs Carlinhos e Eugênio, bem como o Edi. A Mister Som fazia os serviços sonoros ali, uma vez que não tinham os atuais recursos. Miriam lembra que tinha um paredão cheio de caixa de som e hoje é capaz de fazer som de alto nível com apenas uma pequena quantidade. A Avenida do Estado, onde era a sede do Fantástico, tinha outras duas casas de sucesso daquela época, também extintas: Whiskadão e Moby Dick, de propriedade dos já falecidos Ademir Pilla e Jair Albino, respectivamente.

Chegou uma hora que Miriam e Djalma quiseram vender a casa e, em 1991, ela ganhou dois novos proprietários: Aloísio Ferreira e João Batista dos Reis, ambos donos da Discoteca Kalahary – que ficava em cima do antigo Cinerama Dellatorre e havia sido sede do salão de festas Os Incríveis, da Boate Metrô e do Clube Moustache, antes no 3º andar daquele lugar, onde hoje é uma galeria de pequenas lojas. O negócio foi feito com o valor de 80 mil doláres, já que Djalma adquiriu o Rancho Brasil e Miriam, o Clube Roda Viva.

Festa junina

Esse período do clube não foi tão marcante como o do ex-casal, mas teve sucesso, pois recebeu shows de Amado Batista, Os Serranos, Garotos de Ouro, Os Nativos. O enfoque na fase de Aloísio e Reis foi mais para shows gaúchescos, mas também continuou com eventos beneficentes, como doações de itens para crianças carentes e os DJs que tocaram no período foram os mesmos do outros período, mais o Valmir e o Pudim.

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Quando as portas fecham

O fim do Fantástico Clube aconteceu em 13 de novembro de 1996 quando ele foi demolido à pedido dos donos da área, já que o local pertencia a Eduardo Dellatorre e o contrato venceu, apesar de existir algumas fontes que indicam 1998 como o ano da demolição.

Depois venderam para o Volare Veículos – revendedora Fiat – e estes para o Imperatriz, que iriam fazer um supermercado, algo que não aconteceu até hoje. Depois disso, vários circos e parques itinerantes tomaram o espaço durante o período de temporada.

Finalmente, o Fantástico Clube foi um marco para uma geração que viveu aquele período, por seus grandes shows, eventos marcantes e grande êxito no setor de baladas de Balneário Camboriú. Segundo o ex-Secretário de Turismo, Luiz Carlos Chedid, o clube foi o equivalente ao que é o Rancho Maria’s nos dias de hoje. Quanto aos ex-proprietários, Miriam hoje é professora da rede pública em Balneário Camboriú, Djalma está aposentado, Aloísio é dono do restaurante Casa das Sopas e João Batista mora em Maryland, Green Bell, Estados Unidos e atua como autônomo.

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