“ Há dois anos execravam-se, neste mesmo espaço, as confrarias da Ilha. Caritativas apenas para seus ilustres confrades, elas tinham em comum o domínio de espaços públicos ou de algum privilégio especial. Todos conheciam a confraria do Mercado Público, a das licenças ambientais, a da construção civil, a dos radares eletrônicos, a das linhas de ônibus e a dos táxis – sob os complacentes oito anos da administração anterior e a proteção de conhecidos vereadores. A palavra licitação pública provocava erisipela nos augustos consócios.
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Para a alegria dos moradores de Florianópolis, as confrarias começam a ser desmanteladas, apesar das reações de persistentes confrades e recalcitrantes políticos. A licitação do Mercado Público, que se arrastava sob a batuta da indústria das liminares, tornou-se realidade e deverá resgatar suas características originais, embora alguns continuem esperneando. Os radares eletrônicos já operam sob nova direção e um novo sistema deverá ordenar os estacionamentos da cidade nas próximas semanas.
A caixa-preta das planilhas das empresas de ônibus está sendo desvendada, e o sistema deverá submeter-se à nova licitação, com um novo ordenamento. Os ínclitos taxistas sofreram a investigação de uma CPI que já revelou uma grande verdade, a de uma descarada confraria de poucos.
E o mais importante: o Plano Diretor, acalentado em estratégico banho-maria por quem o gerenciava, no interesse exclusivo das construtoras, parece caminhar para um final feliz – depois de licenças de construção se submeterem a sérias restrições, com várias embargadas, inclusive algumas em construção em Área de Preservação Permanente.
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E assim, se alguém ainda pensava que a Ilha era de poucos, pode reformular seus conceitos. Cumprimentos à nova administração de Florianópolis. Renovam-se as esperanças no futuro da Capital dos catarinenses. .“