Encontrado morto na tarde desta quinta-feira, em Florianópolis, o mero surpreendeu até mesmo os pesquisadores do Projeto Meros do Brasil. O estudioso Maurício Hostim foi um deles, que ficou admirado com o animal – o maior já visto pela equipe.

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Hostim é professor da Universidade Federal do Espírito Santo e fala sobre a raridade dos meros no Oceano Atlântico e explica por que é proibido pescar esses peixes.

DC – Por que a pesca foi do mero foi proibida?

Maurício Hostim – Se olhar os antigos materiais, pescar o mero era muito comum. Mas os próprios pescadores começaram a nos questionar que o mero estava desaparecendo no nosso Litoral. Eles têm uma agregação reprodutiva, quando os meros se reúnem para se reproduzirem. Eles ficam muitos vulneráveis à pescaria e fazem com que as pessoas saibam os locais e a data onde eles estarão. As pessoas mapeavam e encontravam vários desses animais, acabavam matando antes da desova. Em 2002 foi a primeira portaria de proibição, prorrogada por cinco anos, a segunda foi em 2007 também prorrogada por cinco anos, e a terceira veio neste ano, mas foi prorrogada por três anos.

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DC – Ainda é ameaçado de extinção?

Hostim – Ainda está em extinção sim. Foi feita uma avaliação internacional e no mundo inteiro o mero está como criticamente ameaçado. Se passar deste nível, ele está extinto da natureza. Depois só sem laboratórios ou cativeiros.

DC – Mas é possível saber quantos exemplares existem?

Hostim – Não tem dado suficiente para isso. É um animal que vive 40 anos e precisa melhorar tecnologia, para avaliarmos o estoque. Essas tecnologias começamos a usar de 2007 para cá, com a apoio da Petrobras Ambiental, que está nos fornecendo recursos financeiros para aplicar novas tecnologias. Estamos começando a crescer agora. Mas temos tido boa receptividade da comunidade. As pessoas acham mais interessante bater foto dele embaixo da água, porque é muito mais raro. Trocar a imagem de matador do pela de contemplador.