Trabalho desenvolvido junto ao Grupo de Pesquisa em Biomateriais, ligado ao Núcleo de Pesquisa em Materiais Cerâmicos e Vidros (Cermat), do Departamento de Engenharia Mecânica, foi apresentado, neste mês de junho, em um dos principais congressos do mundo na área de biomateriais, 9th World Biomaterials Congress, realizado na China.

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O Grupo de Biomateriais desenvolve produtos voltados ao corpo humano e o estudo apresentado na China é parte do doutorado de José da Silva Rabelo Neto. Físico, com investigações sobre a produção de ossos em laboratório desde sua graduação, José estuda agora a adição de estrôncio e de magnésio em um pó sintético semelhante à composição do osso humano. O pó é constituído por hidroxiapatita, um fosfato de cálcio que forma 70% dos ossos. Para a síntese em laboratório são usadas soluções químicas sob parâmetros específicos e controlados.

De acordo com o pesquisador, estimular a densificação de ossos e colaborar com a redução da rejeição são algumas das vantagens do novo material.

– Ele pode estimular a formação do osso natural na região em que for usado – destaca José.

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Ele explica que compostos do gênero já são usados em outros países, mas no Brasil o desenvolvimento do osso sintético com adição de elementos químicos é pioneiro.

– Foi muito importante apresentar o trabalho para uma plateia onde estavam autores de artigos que leio há anos e que são referências mundiais na área – comemora José.

Uma das aplicações do osso sintético em pó com adição das substâncias poderia ser, por exemplo, recobrir próteses metálicas usadas em articulações, prevenindo a rejeição no corpo e melhorando a integração implante-osso. Como o novo material melhora a densidade óssea, também tem potencial para auxiliar no controle da osteoporose.

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José explica que a incorporação do estrôncio aumenta a massa óssea, estimula a formação dos ossos e melhora as propriedades mecânicas do material. O magnésio provoca mudanças no cristal do pó, deixando mais semelhante ao osso natural e diminuindo sua dissolução e fragilidade. As aplicações dependem de pesquisas futuras, voltadas a transformar o material pesquisado por José em um produto.

Mercado

Novas fases do trabalho terão suporte do Projeto PRONEX-BioEng, um dos núcleos de excelencia em pesquisa contemplados na Chamada Pública da Fapesc. Para chegar ao mercado, o novo osso sintético poderá também ter apoio do programa Sinapse da Inovação, promovido pela Fapesc e realizado pela Fundação Certi com o objetivo de prospectar e transformar boas ideias do meio acadêmico em negócios de sucesso.

O Sinapse está dando suporte à criação da empresa Innovacura Biomateriais, há menos de um ano encubada no Parque Celta – Pedra Branca, e que tem José Rabelo como um dos diretores. Segundo ele, dois pedidos de registro de patentes de futuros produtos já estão sendo encaminhados. Além disso, durante sua viagem para a China, o físico fez contatos com empresas de biomateriais com interesse no mercado brasileiro e também com o Centro Nacional de Pesquisas de Engenharia em Biomateriais, sediado na Universidade de Sichuan, buscando oportunidades de colaboração com o Brasil.

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