A comercialização e o aluguel de imóveis ocorrem de forma intensa nas favelas, formando um mercado informal com normas próprias. Isso é o que revela pesquisa realizada por oito universidades brasileiras, lideradas pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo traçou um retrato do mercado imobiliário nas favelas de oito capitais. O projeto Mercados Informais de Solo Urbano nas Cidades Brasileiras e Acesso dos Pobres ao Solo analisou a comercialização e a locação de imóveis em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Recife, Belém, Salvador e Brasília.

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Uma das conclusões do estudo é a existência de um mercado informal regular, com alta rotatividade na ocupação dos imóveis em algumas comunidades. Os mais altos níveis de rotatividade foram encontrados em Acari (14,66%), Grotão (13,36%) e Tijuquinha (10,12%), enquanto o mais baixo (0,36%) foi identificado no morro do Pavão-Pavãozinho. Todas essas comunidades ficam no Rio de Janeiro. Para a coordenadora-executiva da pesquisa, Andréa Pulici, do Ippur/UFRJ, os números mostram que a troca é mais intensa nas favelas que no mercado formal.

– Esse mercado é muito mais líquido e tem maior rotatividade – disse, ressaltando que a compra e o aluguel de imóveis em comunidades carentes seguem normas próprias, apesar de estarem dentro da informalidade. – Esse mercado tem práticas que regulam seu funcionamento – explica.

Para ela, existe uma importância de entidades locais para coordenar o mercado imobiliário nas favelas. O estudo atesta que o mercado imobiliário informal é uma das portas de entrada das famílias pobres nas grandes cidades. Segundo o levantamento, há uma oferta brasileira de moradias informais voltada aos mais pobres, especialmente em Belém, Brasília e São Paulo.

A pesquisa foi desenvolvida por uma rede cooperativa de instituições. Participam da iniciativa, entre outras, as universidade federais de Rio Grande do Sul (Ufrgs) e Santa Catarina (UFSC).

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