Em Joinville, a saúde e o transporte ainda são considerados um problema. Mas os serviços de água e esgoto estão bem, assim como limpeza das ruas e preservação ambiental. Pelo menos foram esses alguns dos resultados da pesquisa de análise de serviços públicos que a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio) divulgou ontem, após ouvir moradores do município. Joinville foi a quarta cidade catarinense a ser alvo do estudo, que não tem o objetivo de analisar a gestão municipal, mas mostrar a visão geral dos habitantes sobre os serviços oferecidos a eles.
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Confira o quadro com as informações da pesquisa
Pela comparação, é possível perceber que joinvilenses estão mais preocupados com as opções de cultura e de lazer do que blumenauenses e jaraguaenses. Mas se disseram mais satisfeitos com os serviços de água e esgoto do que os moradores do Jaraguá do Sul, que até agora foram os mais generosos ao avaliar os seus serviços.
Em Joinville, habitação e educação também ficaram acima da nota geral dos serviços do município. Ainda que a nota geral joinvilense seja a segunda mais baixa, atrás apenas de Florianópolis, onde estão os serviços mais criticados. Mas Joinville é o único município até agora em que a saúde ficou na lanterna, aparecendo como o serviço mais problemático. Já a limpeza das ruas teve boa análise nas quatro cidades.
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Mas uma análise mais detalhada mostra que a percepção muda muito em Joinville nas diferentes classes sociais. Apesar de provavelmente não usarem os serviços públicos, quem tem renda familiar superior a R$ 6,3 mil mensais deu notas piores para a saúde do que quem tem a renda mais baixa. Para os mais pobres, a segurança aparece como problema maior do que o transporte (item que inclui trânsito). Mas ambos os grupos concordaram: a nota mais baixa foi para a saúde, que precisa ser a prioridade da próxima gestão da cidade, segundo outra pergunta.
Uma surpresa: entrevistados que têm mais de 60 anos em Joinville deram nota mais baixa para a segurança do que para a saúde. E falaram bem do transporte, que mereceu a segunda nota mais baixa segundo os mais jovens.
Filas explicam avaliação
Não surpreende que a saúde seja o serviço público com menor nota em Joinville, de acordo com a pesquisa da Fecomércio. Município e Estado foram alvo de 15 ações civis públicas, só neste ano, propostas pelo Ministério Público Federal. Na maioria dos casos, são motivadas por pessoas que exigem o fim da espera por uma cirurgia.
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No Hospital Municipal São José, que concentra atendimentos de alta complexidade na cidade e região, foram feitas, em média, 774 cirurgias por mês em 2011. Mas não é suficiente para a demanda, em especial na ortopedia. São 2,1 mil à espera.
Um deles é o aposentado Francisco Lader Filho, 80 anos. Ele aguarda por uma cirurgia no quadril desde novembro de 2010. Desde então, Francisco não pode caminhar sem muletas. Com a intervenção cirúrgica, ele tem esperança de melhorar a locomoção para ajudar a cuidar da mulher e da filha de 51 anos, que teve poliomielite.
No Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, a maior fila para cirurgias é a de plásticas reparadoras. São 288 pessoas à espera. Em seguida, vêm a fila da cirurgia geral (261) e da cardiovascular (100).
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Quando o assunto é consulta, até junho, cerca de 92 mil pessoas aguardavam por uma na cidade, em 132 especialidades diferentes. A maior demanda está na oftalmologia (13,7 mil). Na sequência, está a cardiologia – cerca de 4,4 mil).
Saneamento ainda é desafio
Fora a limpeza urbana, que teve boa avaliação nas outras três cidades catarinenses já pesquisadas, o serviço de água e esgoto ficou em segundo lugar entre os mais bem resolvidos, segundo avaliaram os moradores de Joinville ouvidos pela Fecomércio.
Atualmente, 99% da cidade contam com abastecimento de água. Mas a cobertura de esgoto ainda está bem longe do ideal. De acordo com a Companhia Águas de Joinville, 25% das casas dispõem de rede coletora – ainda que nem todas as residências tenham aderido ao serviço.
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Morador do bairro Saguaçu, onde recentemente foi implantada rede de esgoto, Paulo Bicalho afirma estar satisfeito com a mudança. Faz uma ressalva, no entanto, em relação ao acabamento das obras, que exigem a danificação da pavimentação das ruas.
-A implantação ficou até acima da minha expectativa, mas o acabamento deixou as ruas em condições sofríveis -, avaliou.
Em Joinville, um diferencial na limpeza da cidade é a disponibilidade de coleta seletiva de lixo. O número de residências que podem contar com o serviço ainda é restrito nas regiões centrais e inexistente nos bairros periféricos.
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Mas, segundo a concessionária, corresponde a 980 toneladas recolhidas por mês. Na coleta domiciliar, são 9 mil toneladas de lixo mensais. A varrição – manual ou a máquina – também é limitada à região central. A tarefa é de cerca de 70 varredores.
25% É o percentual de residências que dispõem de rede de esgoto em Joinville.