Uma pesquisa feita para a tese de doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) mostrou que a obesidade tem relação direta com a planificação do pé – formação conhecida popularmente como pé chato. O levantamento foi feito com 81 pacientes classificados como obesos graves – com Índice de Massa Corpórea (IMC) maior que 40 quilos por metro quadrado (kg/m²) e menor que 50 kg/m² – ou super obesos (com IMC maior que 50 kg/m²). Eles estavam na fila de espera para gastroplastia (cirurgia de redução de estômago) no ambulatório do Hospital de Base da Famerp.

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– Verificamos na análise do raio X que 100% dos indivíduos tinham pé plano. Nós verificamos que teve uma associação da obesidade e da superobesidade principalmente em relação ao pé plano. Quanto maior o grau de obesidade na nossa população, maior o grau de planificação do pé, ou seja, maior o grau de pé plano, ou pé chato – explica a fisioterapeuta Sonia Maria Fabris Luiz, autora da tese de doutorado Impacto de Dois Níveis de Obesidade Grave sobre as Alterações Osteoarticulares e Funcionais de Joelho e Pé .

Os participantes foram avaliados quanto à idade, ao peso e à altura, para depois serem submetidos a exames específicos. O IMC é calculado a partir do peso da pessoa dividido pelo quadrado da altura.

A pesquisa aplicou questionários nos pacientes para conhecer detalhes sobre os sintomas referentes ao joelho e aos pés. O levantamento indicou que a maioria deles sofria de dores no pé e nas articulações do joelho, o que afetava a capacidade de fazer atividades da vida diária, como subir e descer escadas, calçar sapatos ou fazer caminhada em lugares planos.

– Muitos dos pacientes se referiam que eles desistiam de fazer uma atividade física regular em função da dor que sentiam no pé e na articulação dos joelhos, o que pode contribuir para um maior sedentarismo nessa população, o que agrava ainda mais a obesidade – afirma a fisioterapeuta.

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A pesquisa identificou também que 81,5% dos indivíduos analisados tinham algum grau de ostioartrite – doença degenerativa das articulações. No entanto, não foi possível estabelecer uma relação entre a obesidade e a doença.