O que você pensa ao ouvir falar sobre transporte coletivo em Blumenau? Crise no sistema, paralisações, quebra de contrato, período de transição na empresa prestadora do serviço, e assim por diante. O tema é rotineiro nas rodas de conversa do blumenauense. Em especial após os diversos ataques a ônibus registrados nas últimas semanas. Você já se perguntou quem usa o sistema e qual é a opinião dele sobre o assunto? Uma pesquisa desenvolvida pelo projeto de extensão Focus, da Furb fez isso. Traçou o perfil e colheu a opinião de quem é protagonista neste sistema: o usuário.

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O levantamento feito com 550 moradores dos 35 bairros da cidade ajuda a compreender alguns fatos – como a queda do número de passageiros –, indica pontos a serem melhorados por quem gere o serviço e também reconhece situações positivas do sistema. O principal sinal de alerta está no número de usuários: 44,4% dos entrevistados disseram nunca ter utilizado o ônibus como forma de locomoção. O preço da tarifa, que foi reajustado para R$ 4,05 e entrará em vigor a partir do próximo dia 16, é outro ponto crítico: 70,5% dos 305 pesquisados que usam o sistema reprovam o valor em vigência, de R$ 3,90. A qualidade dos pontos de ônibus e a superlotação são outras situações que tiveram avaliação negativa.

> Confira os gráficos com os resultados da pesquisa no fim da matéria

Durante a formação acadêmica, a publicitária Camila Belli Krauss, 26 anos, usou o ônibus urbano para ir e vir dentro de Blumenau. De segunda a sexta-feira ela saía de casa para a universidade e ainda hoje usa o coletivo como transporte, geralmente entre o bairro Itoupava Norte, onde mora, e a área central. Quando não usa o ônibus, busca alternativas como conseguir uma carona ou recorrer ao Uber.

– Normalmente dependo de ônibus, mas não gosto muito. Geralmente prefiro andar a pé ou peço carona à minha mãe. Quando não tem nenhuma das duas opções acabo pegando ônibus mesmo – confessa ao citar que hoje, já formada, utiliza menos o transporte coletivo.

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Para fugir dos horários de pico e dos veículos lotados, ela cria rotas alternativas e já chegou a mudar de linha para não encarar o movimento intenso. Camila conta que prefere demorar mais tempo para chegar ao destino do que encarar ônibus lotado. A publicitária se encaixa nos 54,1% dos usuários entrevistados que se sentem desconfortáveis com a lotação.

Mudança no comportamento de passageiros do transporte

Camila Krauss integra a maior parcela dos passageiros de ônibus em Blumenau: o número de mulheres que afirmam usar o transporte coletivo é duas vezes maior quando comparado ao de homens. Apenas 16,1% deles afirmam usar o ônibus sempre ou quase sempre, contra 34,7% delas. A renda familiar da maioria dos passageiros do transporte coletivo é de até R$ 4 mil (31,3%), e o nível de instrução é baixo; 35,7% não têm instrução ou não completaram o ensino fundamental.

Nem os veículos zero quilômetro com Wi-Fi e tomadas para carregar celulares, que desembarcaram neste ano em Blumenau, foram suficientes para que o blumenauense trocasse o carro pelo ônibus. O veículo individual é usado por 57,5% dos entrevistados. De julho (mês em que começou a atuar a frota renovada da Blumob) até setembro, a empresa transportou 6.805.568 pessoas, segundo dados do Seterb. No mesmo período do ano passado, foram 7.098.940, uma queda de 293.372 passageiros no trimestre.

Ainda assim, os usuários têm visão positiva do sistema, com aprovação de sete de 15 perguntas sobre o transporte público. Aprovam os corredores de ônibus, gostam dos motoristas, sentem-se satisfeitos com a Blumob, a acessibilidade, a fluidez, os terminais e as linhas de ônibus perto de casa ou trabalho.

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Por outro lado, dividem-se sobre limpeza e manutenção, o número de veículos por linha, o horário das linhas, a segurança no interior dos ônibus e têm dúvidas sobre o sistema de cartões adotados pela Blumob.