A maior diferença de preço entre materiais escolares encontrada numa pesquisa feita pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de Joinville foi de um apontador, que teve variação de preço de um estabelecimento para outro de 3,700%. A pesquisa, realizada nos dias 2 e 3 de janeiro, indica que o produto mais barato custava R$ 0,10 e o mais caro, R$ 3,80. A diferença é de produtos de marcas diferentes.

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Como as listas das escolas são diferentes, não há como dizer qual é o local mais barato. A equipe do Procon pesquisou itens como papel sulfite, pincel, tesoura, cartolina, borracha, lápis de cor, cola, giz de cera, massa de modelar, dicionário e régua.

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O gerente do Procon, Kleber Fernando Degracia, destaca que a pesquisa com 23 itens foi feita comparando os mesmos produtos e especificações. Em alguns casos, a diferença também é vista com itens da mesma marca.

– A pesquisa é a melhor forma de economizar. Pesquisamos não só o item mais barato, mas também o mesmo produto. E ainda assim, com o mesmo produto, a diferença de preços é muito alta. Vale a pena pesquisar – afirma.

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Qualidade e preço são as principais prioridades de quem compra material escolar, segundo mães que faziam compras em uma das lojas pesquisadas. As mulheres formam a principal clientela deste tipo de produto, de acordo com o gerente da loja.

Pauline Meller resolveu fazer as compras direto na loja onde o marido trabalha. Ela tem duas filhas, uma de três e outra de oito anos, que estudam num colégio particular da cidade. Ela optou por não levar nenhuma das duas na hora de comprar o material, justificando que assim o valor da compra não aumentaria. Mesmo assim, admite que alguns itens são escolhidos especialmente pela filha mais velha. A mãe explica que tem encontrado várias promoções e que não há muita diferença de preços em relação a 2016.

Já a Fernanda Tesluk, mãe do Matheus, de oito anos, e do Caio, de um ano e sete meses, é de Itapoá e aproveitou as vindas para Joinville para fazer as compras. Ela acredita que os materiais são mais baratos do que na sua cidade. Os dois filhos estão matriculados no ensino público e vieram com a mãe fazer as compras.

– A gente traz para conversar, faz um acordo. É bom trazer e incluir eles nesta rotina – diz.

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Fernanda é de Itapoá e veio fazer as compras em Joinville por acreditar que encontraria opções mais em conta

O gerente da loja com a maior quantidade de menores preços da pesquisa, Marcos Rogerio Gonçalves diz que janeiro é o terceiro melhor mês do ano para a rede. Segundo ele, 10% das vendas são de material escolar. São 1.100 itens para todas as séries, e a expectativa é que, este ano, as vendas aumentem entre 15 e 20% em relação a 2016.

De acordo com ele, a procura já é bastante intensa. Para facilitar a vida do cliente na hora de fazer a pesquisa de preços, o gerente diz que a loja já tem adiantado um orçamento de acordo com os materiais exigidos pelas escolas. Ele acredita que a questão de levar ou não os filhos na loja está bem dividida. Já as mães, são a maioria. São elas quem fazem as compras em 70% dos casos, segundo Marcos. Ele diz que a presença dos filhos geralmente interfere na hora de escolher os materiais com estampas, algo que encarece muito o produto.

– A diferença de preços é absurda – afirma o gerente, que sugere que os pais não deixem para comprar o material na última hora e que pesquisem os preços.

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Uma forma de educar os filhos

Jani Floriano, economista especializada em finanças pessoais, dá algumas dicas para economizar na volta às aulas. Ela fala sobre os benefícios de comprar em atacado, como utilizar as redes sociais para economizar, a relação com os filhos na hora da compra e como saber quando compensa comprar um produto mais caro. Para a especialista, ter a lista em mãos é primordial na hora da compra. Sobre a presença dos filhos, ela diz que depende da relação de cada família.

– A criança que já tem noção de matemática pode fazer o orçamento junto com os pais. Vale aproveitar a facilidade dos filhos com as tecnologias e fazer eles pesquisarem os preços na internet. Eles vão ter consciência do valor, vão entender o que é educação financeira. Isso tudo já ajuda. Não só nesse momento de volta às aulas, mas sempre.

De acordo com a economista, “o mercado aproveita o modismo para encarecer o produto”. Ela diz isso se referindo aos materiais que utilizam personagens de desenho animado para estampar mochilas e estojos, atraindo ainda mais a atenção das crianças. Nestes casos, é difícil convencer os filhos e o que pode ser feito é dar a opção de abrir mão de um material para ganhar outro que a criança preferir.

Procon alerta para “pedidos estranhos”

O gerente do Procon de Joinville, Kleber Fernando Degracia, sugere que os pais fiquem atentos aos materiais exigidos pelas escolas. Quem tiver alguma dúvida ou denúncia, deve procurar o Procon para que o colégio seja notificado.

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– Não pode pedir material de uso comum. Não pode pedir papel higiênico, guardanapo, pano de limpeza. Isso não pode. A escola também não pode pedir mil folhas de papel A4. O aluno não vai usar essas mil folhas durante o ano – explica Kleber.

– No ano passado, as principais escolas particulares foram notificadas para que apresentassem a lista deste ano e não achamos nenhum abuso – ressalta o gerente.

Dicas da economista Jani Floriano:

Pesquisa

A primeira e mais importante dica é a pesquisa. A consulta aos preços pode ser feita pessoalmente ou até mesmo pela internet, nos sites das lojas.

Atacado

A economista diz que vale a pena comprar em maior quantidade aqueles produtos usados diariamente, como lápis, borracha, e apontador. Há atacados que oferecem descontos para estas compras. Quem tem mais de um filho, pode aproveitar para comprar de uma vez só e garantir um desconto. Quem só tem um filho, pode se juntar a amigos e vizinhos e comprar fardos fechados de materiais.

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Redes sociais:

As redes sociais podem ser utilizadas como ferramentas de pesquisa para compra, venda e troca de livros didáticos.

Quando levar e quando não levar as crianças

Para a economista, “quem já consegue conversar com o filho, é legal levar para que ele veja como é fazer uma compra”. Já quem sabe que pode passar por constrangimentos, é melhor não levar.

Estipular um limite de gastos

Determinar um valor máximo de gastos com o material escolar pode ser um bom caminho para negociar a compra daquele produto desejado pelos filhos. Neste caso, em vez de pesquisar preço, pesquisa-se os produtos. De acordo com a busca, itens da preferência dos filhos pode ser incluído.

Antecipar-se

É importante não deixar para comprar na última hora. Nem todos os produtos podem estar disponíveis e outros podem encarecer.

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Deslocamento

Apesar da diferença de preços ser alta, nem sempre vale a pena se deslocar para comprar os itens em mais de uma loja. A especialista explica que, se o deslocamento pode ser feito a pé, vale a pena. Se for preciso gastar combustível, passe de ônibus ou taxa de estacionamento, talvez não compense o deslocamento.

O que vale pagar mais

A economista explica que muitas vezes compensa pagar mais caro naqueles itens que poderão ser utilizados por mais tempo. Mochila, estojo e tênis escolar são alguns exemplos. Para a especialista, itens como lápis de cor, canetinha e caderno são itens que não valem a pena pagar mais caro, já que serão utilizados diariamente e descartados em menos tempo.

*Alex Sander Magdyel é estudante do curso de jornalismo Bom Jesus/Ielusc e participa do programa estágio do jornal A Notícia.