Ao analisar a rotulagem de dez cosméticos ofertados como naturais, entre eles xampu, loção hidratante, sabonete líquido e esfoliante, a Associação de Consumidores Proteste constatou que alguns trazem substâncias sintéticas e poucos ingredientes naturais. No Brasil, de acordo com a associação, não há legislação que defina o percentual para que um produto seja classificado como “natural”.

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No hidratante Hidramais de erva doce e camomila, foi identificada a substância metildibromo glutaronitrila, que é proibida na Europa por sua potencialidade alergênica. Ela já havia sido detectada em teste com xampus infantis, o que reforça a necessidade de sua proibição, de acordo com a associação de consumidores.

Por isso, a Proteste enviou os resultados da análise à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pedindo urgência na atualização das normas que proíbam essa substância, e que as rotulagens desses produtos sejam revistas para que não se digam naturais, quando na verdade não tem as substâncias para serem classificadas assim, de acordo com a associação.

A Proteste esclarece que é permitido usar frases nos rótulos para “vender” os produtos, como, por exemplo, que determinado item “estimula os sentidos”. Isso porque muitas dessas “promessas” não precisam ser comprovadas cientificamente, segundo a associação.

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Este seria o exemplo do sabonete Palmolive da linha aroma therapy, que não contem nenhuma substância que estimule os sentidos além do olfato, como ocorre com qualquer outro produto contendo perfume.

De acordo com a pesquisa, o esfoliante de Açúcar Orgânico da Vyvedas é o único produto entre os analisados que pode ser classificado como orgânico ou natural, pela ausência de substâncias de origem química em sua composição. O produto traz, inclusive, o selo Ecocert na embalagem.

O creme natura Ekos não tem selo certificado, mas tem grande parte de suas substâncias de origem renovável vegetal e vegetal natural, e poderia ser considerado cosmético natural pelo selo certificador IBD, de acordo com a associação.

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Conforme os resultados da pesquisa, o sabonete líquido Maracujá da Amazônia Vyvedas, diz garantir efeito hidratante e relaxante, mas o óleo de maracujá tem por função somente de proteger a pele.

Foram analisados os rótulos dos seguintes produtos para checar se os seus ingredientes podem ser considerados naturais e se cumprem com as promessas feitas nas embalagens: linha Stress Away – Lavanda Spa (Empório Body Store), shampoo de bebê e creme para as mãos (Granado), Loção Hidratante Erva Doce e Camomila (Hidramais), Natura Ekos Castanha (Natura), sabonete líquido Erva Doce Therapy (Nivea), Nativa Spa – Shower Gel Hortelã e Gengibre e Nativa Spa, sabonete líquido relaxante Lavanda e Benjoim (O Boticário), Aroma Therapy – Sabonete Líquido (Palmolive), Esfoliante de Açúcar Orgânico e Maracujá da Amazônia – sabonete líquido (Vyvedas).

A recomendação da Proteste é que o consumidor leia sempre o rótulo para conferir a composição (lista de ingredientes) e checar a data de validade antes de comprar um cosmético. São considerados ingredientes úteis aos cosméticos as seguintes substâncias: tocoferol (vitamina E), pantenol (vitamina B5), dióxido de titânio (filtro solar) e glicosídeos (agentes de limpeza de origem natural).

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Um cosmético natural deve ter quantidades reduzidas de conservantes, como os parabenos. Mas uma pequena quantidade de etil ou metil parabeno pode ser admissível. Já outros são dispensáveis: BHT, BHA, triclosan (antimicrobianos), DMDM hydantoin, imidazolidinyl urea, diazolidinyl urea e sodium hydroxymethylglycinate (podem liberar formaldeído), petrolatum e paraffinum liquidum (substâncias derivadas do petróleo), silicones (dimethicone, ethyl trisiloxane), polietilenoglicóis (PEG-8, PEG-100, etc.), corantes e perfumes químicos.

Os consumidores costumam achar que produtos à base de ingredientes naturais são mais seguros, compatíveis com a pele e agradáveis ao uso do que cosméticos tradicionais. Mas não é bem assim, de acordo com a Proteste: quanto mais natural a sua composição, pior é sua aparência devido à ausência de corantes e espessantes. Além disso, seu prazo de validade é inferior por conta da ausência de conservantes consequentemente, a probabilidade de contaminação microbiológica é maior.

Em relação à tolerância na pele, substâncias naturais também não são sinônimo de segurança, de acordo com a Proteste, pois não estão livres de provocar alergias. Muitos insumos naturais, como óleos essenciais e extratos, contêm uma ou mais substâncias alergênicas.

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