Sem o exemplo dos pais e sentindo-se inseguros nas ruas, a maioria do adolescentes ouvidos por uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) dedica tempo demais ao computador e à TV. O estudo com 4.325 jovens entre 14 e 15 anos revelou que 52% deles são sedentários de acordo com critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Aequipe analisou atividades de lazer (como jogar futebol, andar de skate e caminhar) e o deslocamento para escola (a pé e de bicicleta) e a soma dos dois hábitos. Os números atestam que, embora 75% dos jovens façam algum exercício e 73% deles caminhem até a escola, a maioria pode ser considerada sedentária por não atingir a meta da OMS de 300 minutos semanais (o que representa uma hora por dia) de atividades físicas. É o caso de Eduarda da Silva, 17 anos.
A jovem que foi entrevistada em 2008 (ano da coleta de dados) tem tentado mudar de lado nos índices.
– Montei uma espécie de academia em casa e me exercito no mínimo três vezes por semana. Quero deixar de ser sedentária, mas ainda não consegui deixar a internet – conta.
Os dados mostram que 60% dos adolescentes ficam em torno de quatro horas diárias na frente do computador, da TV e de videogames.
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Autores acreditam que estudo serve de parâmetro ao Brasil
O impacto da falta de exercícios também aparece no estudo. Cerca de 24% estavam acima do peso.
– O prejuízo para esses jovens vai demorar para aparecer, o que dificulta fazer eles entenderem a importância da prática de atividades físicas. Se não for fisicamente ativo cedo, dificilmente vai ser na vida adulta – diz Marlos Domingues, autor da pesquisa.
Embora a pesquisa tenha sido feita em Pelotas, os autores acreditam que a mesma pode ser usada como parâmetro para o Brasil, pois os resultados estão de acordo com outros estudos.
Um dos motivos apresentados pelos jovens para a não fazer atividades físicas foi a falta de segurança nas ruas.
– Antes a rua era o lugar das brincadeiras, hoje não é mais. Isso faz com que os jovens fiquem mais dentro de casa. Assim, realizam menos atividades físicas – aponta Samuel Dumith, outro autor do trabalho.
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:: PDF: O número de ativos e sedentários
CONFIRA DICAS DE COMO INCENTIVAR SEU FILHO
O sedentarismo juvenil está diretamente ligado à postura dos pais quanto aos exercícios físicos. Se a prática esportiva não faz parte do cotidiano dos adultos, crianças e adolescentes tendem a seguir o exemplo. As avaliações são da pediatra e médica do esporte Rose Petkowicz, que atua na Capital. Membro do grupo de pesquisa de Prevenção de Doenças Cardiovasculares na Infância do Instituto de Cardiologia, ela dá dicas aos pais e educadores:
:: DESENVOLVA APTIDÃO POR EXERCÍCIOS
Os pais devem começar desde cedo a incentivar os filhos. Uma das sugestões é matricular a criança em aulas de futebol, tênis ou natação, por exemplo. É preciso acompanhá-la dentro do possível, como forma de incentivo. A troca da atividade esportiva é considerada normal ao longo do tempo, o que não deve ocorrer é o abandono do esporte. Os pais ainda podem substituir saídas para “comilança” nos fins de semana por atividades ao ar livre, incluindo a prática de esporte. Para os adolescentes, integrar um time de futebol ou vôlei é ainda uma forma de inserção social.
:: COMO CONVIVER COM INSEGURANÇA E SER ATIVO
O risco da prática de atividade física em espaços públicos pode ser diminuido se pais matricularem seus filhos em escolas, onde os alunos são supervisionados por adultos em espaços normalmente mais seguros.
Outra opção é fazer com que a garotada se inscreva em atividades coordenadas pelas secretarias municipais de Esporte. Conforme Rose Petkowicz, as aulas são supervisionadas por adultos com formação adequada, garantindo maior eficiência.
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:: REVEJA SEU COMPORTAMENTO E DÊ O EXEMPLO
Pais que praticam atividades físicas têm maior propensão a terem filhos esportistas. Rose Petkowicz recomenda aos pais que revejam comportamentos, não apenas para incentivar os filhos a se interessarem por esporte como também para evitar os malefícios do sedentarismo.
:: ADMINISTRE O USO DE COMPUTADOR
O tempo diante de computador, TV e videogame não deve ser superior a uma hora e meia por dia. Como alternativa, a médica sugere aos pais que estimulem os filhos a participar de jogos eletrônicos que requerem movimentação na frente da TV. No mercado, existem jogos que simulam partidas de futebol e tênis. Também há outros que obrigam o usuário a seguir passos, como se fosse uma dança.