Uma parceria inédita entre a empresa Gomes da Costa e a Univali vai nortear ações para garantir a sustentabilidade na pesca e a manutenção dos estoques de atum e sardinha na costa brasileira. A intenção é manter saudável um setor econômico que é responsável por mais de 100 mil toneladas de peixe capturadas ao ano e 10 mil empregos somente em Itajaí e Navegantes, que respondem juntas pelo maior polo pesqueiro do país.

Continua depois da publicidade

Diferente de peixes como corvinas e cações, cujos estoques decaíram nos últimos anos, sardinhas e atuns ainda estão em situação considerada confortável por especialistas como Paulo Ricardo Schwingel, oceanógrafo responsável pelas estatísticas de pesca produzidas pela Univali e pelos projetos em parceria com a empresa. A medida é vista como uma precaução:

– Hoje os estoques estão em boa situação, mas requerem atenção. O risco de qualquer problema significa muito para a região. Sem peixe, não há emprego – afirma Schwingel.

Não à toa, o acordo para pesca sustentável tem o apoio da Secretaria Municipal da Pesca de Itajaí e do Sindicato dos Armadores e da Indústrias da Pesca (Sindipi). A sardinha é o principal produto da pesca rasileira e, junto com o atum, representa 25% de todo o pescado nacional. Só em Itajaí e Navegantes há mais de 100 embarcações envolvidas nestes tipos de captura – o maior número do país.

Continua depois da publicidade

Ficam nas duas cidades, também, as duas maiores enlatadoras de pescado brasileiras. A Gomes da Costa, que deu início ao projeto, emprega quase duas mil pessoas e é a maior processadora de sardinhas no mundo.

Para o Grupo Calvo, multinacional espanhola que adquiriu a Gomes da Costa 10 anos atrás, a pesquisa de estoques não é novidade. O controle é comum em outros países onde a empresa atua, mas no Brasil ainda não havia um levantamento parecido.

Falta de dados

Os dados ajudam a definir ações do governo federal. Uma lei criada em 2009 previa um Comitê Permanente de Gestão para a sardinha. O órgão chegou a ser criado no ano passado, mas ainda não está funcionando. O caso do atum é diferente, pois há um acordo internacional que regula a captura do peixe no Atlântico. Mas o controle de estoque no país está longe do ideal.

Continua depois da publicidade

– Países como Argentina, Chile e Peru fazem monitoramentos de rotina. Precisamos saber o que pescamos e quanto pescamos. O conceito de sustentabilidade prevê que a pesca seja proporcional à capacidade de regeneração – afirma Schwingel.