Em meio a este momento turbulento que o país passa, um projeto de lei importante na área da saúde não pode ser esquecido: o texto que traz informações para acelerar as pesquisas clínicas no país já foi aprovado, em fevereiro, no Senado. Agora, está em análise em algumas comissões da Câmara. E isso significa dizer que a análise e a discussão deste projeto são urgentes, pois em três anos o Brasil perdeu 110 estudos clínicos, segundo dados da Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica.
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Essa perda afeta muito os pacientes que lutam contra câncer, Alzheimer, diabetes, doenças cardíacas, pois ficam sem a possibilidade de contar com tratamentos inovadores que são oferecidos sem custos. Os protocolos clínicos são hoje uma das formas mais democráticas de dar acesso aos tratamentos mais personalizados e gratuitos para o paciente. Para isso, basta que o voluntário obedeça aos critérios estabelecidos em cada estudo.
O problema é que, além de ficar de fora de muitos protocolos clínicos devido a entraves, o país perde em outro quesito: como cada pesquisa tem um número de participantes já estabelecido, o Brasil acaba incluindo menos, pois outros países começam a recrutar antes.
Os pacientes devem conversar com os médicos sobre as possibilidades de lutar contra as doenças utilizando novas fórmulas, pois esses medicamentos, quando aprovados, irão demorar a chegar ao SUS. Quem participa das pesquisas tem acesso gratuito a todo o tratamento, até mesmo quando o protocolo terminar e o medicamento vir a ser comercializado.
Em 10 anos de serviços prestados na área de pesquisa, já acompanhamos muitos resultados positivos. Como o caso de uma paciente com câncer de mama, que em 2009 decidiu ingressar na pesquisa, após passar por quimioterapia, cirurgia da retirada da mama e a doença voltar. Depois de iniciar na medicação da pesquisa, a paciente teve resposta completa (desapareceu o câncer) e é considerada curada. Hoje, o medicamento é comercializado no Brasil.
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*Giuliano Santos Borges é médico oncologista e mora em Itajaí
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