O pedreiro Sidney Correia, 41 anos, e o frentista José Roberto Santos, 38, não se conhecem. Mas compartilham algo mais do que viver na zona Sul de Joinville. Ambos deixaram os Estados ondem nasceram em busca de algo a mais na cidade.
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Paranaense, o primeiro procurava oportunidade de trabalho e melhorar as condições de vida da família; paulista, o segundo queria segurança e uma vida mais tranquila.
Sidney e José Roberto fazem parte de um número calculado pelo Censo de 2010 e divulgado ontem pelo IBGE que fez Joinville sobressair no Estado. Não faltou muito para que a cidade alcançasse a marca de um terço dos moradores serem nascidos em outros Estados do Brasil ou no exterior.
Dos 515.288 moradores, 119.424 disseram ser de fora de SC – 23,18%. Na região Norte de SC, composta por 29 municípios e Joinville na divisão do IBGE, o percentual foi menor (20,58%), assim como em SC (17,89%).
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A maior parte do migrantes que passaram a morar em Joinville vem do Paraná, como Sidney. Em 2010, 69.910 paranaenses viviam aqui. Em seguida, vem o contingente de gaúchos – 15.129.
Os paulistas como José Roberto compõem o terceiro maior grupo (13.893 pessoas). Os outros Estados, juntos, somam menos de 1% dos moradores. Mais abaixo, aparecem mineiros, fluminenses e baianos.
Na região Norte de SC, o ranking dos maiores grupos de migrantes se mantém. Primeiro paranaenses (160.458 pessoas); depois gaúchos (22.713) e paulistas (1,87%). Em SC, os gaúchos ficam em primeiro lugar, com 411.178 moradores.
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Uma comparação entre os censos de 2000 e de 2010 mostram que boa parte dos migrantes podem ser recentes. Em 2000, eles eram 85.252 dos moradores de Joinville. Dez anos depois, o número subiu 40,08% – mais do que o percentual de aumento da população da cidade no período (quase 20%).
É o caso de Sidney. Ele mora há três anos em Joinville, onde veio para trabalhar na indústria, deixando para trás a vida em Mandaguari, no Norte do PR. Nesse meio tempo, percebeu que compensava mais se dedicar à construção civil. Trouxe a mulher e as duas filhas para viver no bairro Petrópolis, onde moram de aluguel. Diz não se arrepender.
– Botei a minha casa à venda (no Paraná) e pretendo abrir lanchonete aqui -, destaca.
Já José Roberto, conhecido como Zé, estava atrás de sossego. Há cinco anos, ele foi vítima de um sequestro relâmpago na capital paulista. Mudou-se para Joinville, foi representante comercial, operário e hoje é frentista.
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– Valeu a pena -, diz ele, que comprou terreno e casa no Parque Guarani.
Mais do que em Balneário
Diferentemente do que poderia afirmar o senso comum, os números do IBGE relativos à migração na industrial Joinville mostram que a cidade até ganha da turística Balneário Camboriú no ranking de destinos em SC preferidos de migrantes nos últimos dez anos. Em números absolutos, Joinville foi a segunda cidade do Estado que mais recebeu moradores não catarinenses. Foram 34.172 mil de 2000 a 2010.
À frente, está Florianópolis, com 50.550. Balneário Camboriú vem em terceiro, seguida de Itajaí, Blumenau, Brusque, São José, Jaraguá do Sul e Itapema.
Em variação percentual, no entanto, o município de Major Gercino, na Grande Florianópolis, se destaca. Em dez anos, foram 1.270% mais moradores de fora. Em 2000, havia na cidade apenas 20 não nascidos em Santa Catarina; em 2010, eram 274.
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Mas a cidade catarinense que mais tem moradores “forasteiros” é Itapoá, no Litoral Norte. Mais da metade – 54,61% – da população da cidade nasceu em outros Estados. Dos 14.763 moradores que vivem no município, 6.701 nasceram em Santa Catarina e o restante, 8.062, fora. Mais de 80% da população itapoaense vem do Paraná. São 6.383 paranaenses que deixaram suas cidades natais para viver no balneário.
Na contramão, Atalanta, no Vale do Itajaí, se mantém como a cidade mais catarinense do Estado. Apenas 19 dos 3,3 mil moradores da cidade se disseram de fora. Já Piratuba, no Oeste, parece estar seguindo o mesmo caminho. Entre 2000 e 2010, a cidade registrou 65,17% menos habitantes não catarinenses. Em 2000, havia 1,9 mil moradores nascidos fora de SC; dez anos depois, eram 675.
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