Os manifestantes do setor pesqueiro de Itajaí decidiram por meio de uma assembleia, na tarde desta segunda-feira, manter o canal do rio Itajaí-Açú obstruído por tempo indeterminado. Mais de cem barcos estão ancorados no canal e impedem a entrada e saída de embarcações no Complexo Portuário de Itajaí.

Continua depois da publicidade

O setor exige a revogação da portaria 445 do Ministério do Meio Ambiente _ publicada no fim de dezembro passado _ que impede a pesca de 475 espécies consideradas ameaçadas de extinção.

– Os pescadores decidiram não sair do canal até vir uma resposta de Brasília com a revogação da lista – disse o presidente do Sindicato dos Armadores e Indústria da Pesca (Sindipi), Giovani Monteiro.

Leia mais:

Continua depois da publicidade

>> Manifestantes jogam fogos de artifício contra sede do Cepsul em Itajaí e atingem navio de pesquisa

>> Pescadores de Itajaí e região vão parar em janeiro para protestar contra lista de peixes em extinção

Até o fim da tarde desta segunda, um transatlântico, que atracou na cidade às 7h30 e deveria ter saído às 16h30, aguardava o fim do protesto para voltar a alto mar, e um navio cargueiro esperava para entrar. Conforme a praticagem do Porto de Itajaí, há ainda outro navio cargueiro aguardando a liberação do canal, mas esta embarcação está prevista para atracar apenas nesta terça-feira.

Continua depois da publicidade

O movimento, que teve início por volta das 8h, reúne pescadores e armadores da indústria da pesca do maior polo pesqueiro do país. Além de fechar o canal, os manifestantes também soltaram foguetes ao longo de toda segunda-feira.

Dois dos artefatos pirotécnicos foram lançados em direção a sede do Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueiras do Sul (Cepsul), ligado ao Instituto Chico Mendes (ICM-Bio) e ao Ministério do Meio Ambiente, que fica às margens do Itajaí-Açu. O ataque danificou parte do convés e do casco do navio Soloncy Moura, um dos poucos utilizados em pesquisa de pesca na costa brasileira.

– É uma pena que os pescadores ao invés de verem o Cepsul como parceiro, que sempre trabalhou para ajudá-los, o vejam como uma ameaça – afirma o coordenador-geral de Manejo para Conservação de Espécies do Cepsul, Ugo Vercillo.

Continua depois da publicidade

Além de Itajaí, o protesto também ocorre em Laguna, Sul de SC, onde as embarcações ficaram ancoradas na praia para chamar atenção de turistas e moradores. No Rio Grande do Sul, os pescadores fecharam o canal que dá acesso ao Porto de Rio Grande por quatro horas na última sexta-feira.

Segundo o Sindipi, está ocorrendo na noite desta segunda-feira uma reunião em Brasília entre o novo ministro da Pesca, Helder Barbalho, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para tentar chegar a um acordo.