O litoral catarinense comemora a chegada de cardumes e mais cardumes de tainha à costa catarinense. Somente no mês de maio, o número superou os três meses da safra de 2015, informou o presidente da Federação dos Pescadores de Santa Catarina, Ivo da Silva. A entidade revisou a previsão feita em abril e já espera quebrar o recorde de 2007, quando foram capturados 2,380 mil toneladas do peixe.

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O otimismo vem de situações como a ocorrida nesta sexta-feira. Por volta das 6 horas, quatro pescadores do litoral Norte capturaram 2,3 toneladas na Praia Grande, no município de São Francisco do Sul, e passaram a manhã realizando o desmalhe na Praia da Enseada, no trecho conhecido como refúgio da Petrobras.

O chefe da embarcação, João Albino Henz, começou o dia com um belo presente de aniversário. Ele conta que, naquela região, foram apenas 700 quilos em 2015, enquanto na última semana o número chegou a aproximadamente 10 toneladas.

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– Há 20 anos não dava uma safra tão boa – conta Henz.

Cerca de 20 pescadores ajudaram o desmalhe enquanto outros observavam a mobilização. O mergulhador Júnior Pinheiros, de 40 anos, foi um deles. Morador da comunidade, ele se recorda de que quando era criança brincava em cima da “montanha” de tainha depositada na areia após a pesca, algo que foi reduzindo ao longo dos anos. Agora, acompanha animado a cada nova tainha que ia aumentando a “montanha” na praia da Enseada.

Mais do que sorte

A safra que vem surpreendendo os pescadores artesanais catarinenses desde o dia 1º de maio não é fruto apenas da sorte. A natureza deu uma mãozinha trazendo o frio que animou as tainhas a migrarem das águas geladas mais ao Sul em direção à costa para desova. Outro fator destacado por vários pescadores é ainda mais simples: elas finalmente conseguiram chegar.

As tainhas não foram capturadas em alto mar logo no início da migração porque, neste ano, começou a ser praticada a nova portaria que disciplina a pesca da tainha e que adiou o início da atividade industrial para 1º de junho, um mês depois da pesca artesanal. Antes, as duas começavam na mesma época.

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– Um dos fatores que favoreceu foi a mudança da legislação. As empresas de pesca industrial que pegam a tainha na saída do estuário da Lagoa dos Patos (RS) ainda não começaram a atuar e isto vai influenciar a safra deste ano – afirma o presidente da Federação dos Pescadores de SC, Ivo da Silva, para alegria dos 20 mil pescadores envolvidos direta e indiretamente na pesca da tainha em todo o Estado.

Consumidor

Obedecendo a lei da oferta e da procura, uma safra mais farta deve abaixar o preço do quilo do peixe. Ivo da Silva diz que bem no início da safra, o quilo estava sendo vendido por até R$ 20, agora, o preço médio está em torno de R$ 12 longe da praia. Nas localidades pesqueiras premiadas com a visita das tainhas, a expectativa é de que o preço do quilo fique abaixo de R$ 10.

Pesca da tainha em SC

2007 (recorde) – 2,380 mil toneladas

2015 – 1,4 mil toneladas (três meses de safra)

Safra de 2016

Maio – quase 1,5 mil toneladas

Previsão para o ano feita em abril: 1,8 mil toneladas

Previsão para o ano revisada em maio: mais de 2,380 mil toneladas