O pescador Djalma dos Santos Silva reencontrou nesta sexta-feira (23) o professor do IFSC de Itajaí que lhe ensinou sobre sobrevivência em alto-n mar durante um curso de pescador profissional. Graças ao que aprendeu nas aulas com Beijamim Teixeira, ele conseguiu acionar o bote inflável quando o barco em que estava com mais sete pessoas virou em Garopaba no fim de semana passado.

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Djalma e quatro colegas passaram 24 horas à deriva e foram encontrados um dia após o acidente com a embarcação. Tão logo ele chegou em casa, fez questão de ligar para o professor e agradecer pelos ensinamentos que salvaram a vida deles.

— No sábado, quando o Djalma me ligou, não conseguimos segurar a emoção. Ele é um rapaz que passou aqui e virou amigo dessa grande família que é o IFSC. É emocionante. Ele fala o meu nome, mas eu represento aqui uma equipe enorme de servidores que lutam bastante para poder ministrar esses cursos — desabafou o professor Beijamim.

“Fiquei gritando pelo colete salva-vidas”

O pescador conta que quando a embarcação virou o primeiro pensamento foi sobre o que tinha aprendido em sala de aula. O curso que fez em Itajaí é com atividades práticas e tem inclusive um bote para ensinar aos alunos como usar em caso de necessidade. A formação segue padrões internacionais.

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— Eu fiquei gritando pelo colete salva-vidas, que é a primeira coisa que a gente aprende que precisa colocar, porque se a gente não tem segurança não pode ajudar os outros. Depois que eu vesti, fomos atrás da boia, aí encontramos o bote. Falei “vamos inflar”. Um rapaz perguntou como fazia, e eu disse que tinha de puxar a corda, colocar os dois pés para não escapar o cilindro — relembra o pescador que enquanto tudo acontecia ainda segurava um colega que estava sem colete-salva vidas.

Ao mesmo tempo que pensava na família e nos três colegas que se lançaram ao mar desesperados, Djalma reuniu comida e sinalizadores para garantir a alimentação por um período. Ele tem certeza que se não fosse a calma para agir conforme aprendeu, o desfecho poderia ter sido pior:

— A balsa ajudou muito por causa do frio. Se não fosse ela a gente tinha morrido.

O professor Benjamim, que é coordenador do Centro Nacional de Pesquisa do Mar do IFSC, diz que a formação não é para ensinar a pescar, mas para que os profissionais consigam salvaguardar a vida humana justamente em casos como o que ocorreu com Djalama.

— São noções de primeiros socorros, combate à incêndio, salvatagem, que foi o que salvou a vida do Djalma e possibilitou que ele tivesse tranquilidade para auxiliar. É a prova de que a educação salva vidas — afirma o coordenador do Centro Nacional de Pesquisa do Mar do IFSC.

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Quando recebeu a ligação do professor no fim de semana, não conseguiu segurar a emoção e fez questão de compartilhar o agradecimento com toda a equipe do curso.

— O Djalma voltar aqui para conversar conosco é o motivo de maior orgulho. Para um professor, isso sim é a maior recompensa de todas que a gente poderia ter — garante o professor.

No vídeo do resgate ao bote em Djalma estava com mais quatro colegas é possível observar que apenas ele usava colete salva-vidas. Assista ao momento:

Vídeo mostra resgate de cinco tripulantes

Um sexto tripulante sobreviveu ao ficar preso a duas boias tomando leite e refrigerante enquanto estava à deriva. Outros dois pescadores se jogaram no mar e estão desaparecidos. A Marinha do Brasil está fazendo as buscas pelos homens.

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Na data em que a embarcação virou no mar, Santa Catarina registrava a passagem de um ciclone extratropical.

Com informações de Morgana Fernandes, NSC TV

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