Natal para os outros
“No final de 2011 tinha 15 anos. Foi o primeiro Natal que passei longe da minha família e ao lado dos amigos de clube, pois tinha uma competição no início do ano. Fiquei em Curitiba e minha família em Blumenau. Nós, meninos do Atlético Paranaense, decidimos ir a um abrigo em Curitiba onde tinha pessoas que necessitavam de ajuda. Levamos várias coisas e também brincamos, tentamos deixar todos felizes e esquecer que estavam em um abrigo sem a família. Foi muito gratificante poder ajudá-los. Foi um Natal muito marcante para mim. Vi o quanto é difícil só pelo olhar das pessoas. Quando chegamos lá os olhos de todos brilhavam, parecia que tinha nascido uma nova pessoa dentro de cada um. Muitos não tinham família, eram crianças sozinhas esperando ser adotadas. Após este Natal vi o quanto é bom valorizar a família, amigos e colegas. Me acostumei a não reclamar mais da vida, pois conseguimos tudo, basta apenas acreditarmos!”
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Nathan de Souza, blumenauense e jogador do Atlético Paranaense. Em 2013 foi o camisa 10 do Brasil na Copa do Mundo Sub-17
Marcado para sempre
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“Sou a mais moça de uma família de oito filhos. Tive uma infância muito feliz e com muitas histórias de Natal para contar. Minha mãe sempre gostou da época e costumava decorar a casa toda, com o que dispúnhamos naqueles tempos: folhas de palmeira, galhos de cipreste pintados, barbas de velho, cachos de coquinhos que pintávamos de dourado e maravilhosas bolas de Natal de vidros finíssimos. Mas o Natal que certamente ficará para sempre gravado em minha mente foi o Natal de 2008 quando, após a tragédia que abalou nossa querida cidade, nos reunimos para fazer o primeiro desfile do Natal Alles Blau. Foram mais de mil pessoas desfilando pela Rua XV de Novembro. Milhares de pessoas assistiam à nossa passagem ao longo da rua. Chorávamos todos juntos de emoção e gratidão por estarmos vivos e podermos juntos reconstruir nossa cidade. Jamais vou esquecer este Natal!”
Sara Fogaça, coordenadora do projeto Magia de Natal em Blumenau
O que você quer ganhar?
“Vou contar uma história. Sou Papai Noel e todo Papai Noel tem uma cara carrancuda e coração mole. Já atendi até mil crianças em um só dia, nem imagino quantas delas já me visitaram. Já faço isso há 16 anos. Mas nenhuma delas me chamou tanta atenção quanto o pedido de um menino de uns sete anos. Ele chegou com a mãe devagarzinho, meio envergonhado, à casinha da Vila Noel no Parque Vila Germânica neste ano. Eu o chamei e perguntei:
– E esse menino tímido, o que quer ganhar do Papai Noel? Foi aí que fui surpreendido. O pedido dele foi além do que estava acostumado a escutar. Geralmente as crianças me pedem presentes caros, como Playstation e iPhone 5, ou animais de estimação como cachorros e até hamster.
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Mas aquele menino me pediu outra coisa:
– Papai Noel, eu desejo uma coisa que não se pode comprar e nem fazer. Desejo que meus pais voltem a ficar juntos, desejo ter a minha família unida neste Natal e que todas as pessoas sejam felizes.
Neste momento a mãe dele, que estava junto, começou a chorar. Também fiquei muito emocionado e sem palavras, pois o pedido era algo que eu não poderia realizar. Mesmo assim, consegui dizer a ele que tudo daria certo e que o Natal é um momento de esperança e de reflexão das famílias. Falei que o Papai Noel faria o possível para o pedido se tornar realidade.”
Achiles Spíndola, 65 anos, é o Papai Noel do Magia de Natal em Blumenau
Ajuda extra para iluminação
“A nossa história começa lá no ano de 1996, quando a minha primeira filha nasceu. Começamos a decoração natalina com 3 mil lâmpadas. Naquele ano foi feita a primeira inauguração da nossa casa decorada. Foi apenas para os vizinhos e já com tudo que tem hoje – Papai Noel, cachorro-quente, refrigerante e doces. No ano seguinte, aumentamos a festa. Além de convidar os amigos, convidamos também amigos de vizinhos. Depois da tragédia de 2008, fiquei preocupado. Meu irmão tinha perdido a casa na enchente e não havia clima para decorar a casa. Na minha rua havia um abrigo com mais ou menos 80 crianças. Não sabia como ia colocar pisca-pisca na rua. Foi então que veio a ideia de instalar algumas luzinhas velhas na rua pra ver se as crianças iriam mesmo mexer nas lâmpadas. Dito e feito: elas começaram a brincar com a decoração. Então decidi comprar um saco de chocolates e balas para negociar com elas, envolvendo as crianças em uma brincadeira de Natal. Chamei os meninos que estavam passando e disse que o Papai Noel havia deixado os doces, mas só poderiam ganhá-los se não mexessem mais nas luzes. Comecei então a colocar a iluminação nova nas calçadas e cercas _ e não houve problema algum. Quando chegou o dia da inauguração, as crianças já estavam ansiosas para ver a decoração e também para brincar nas camas elásticas e comer cachorro-quente (foto). Quando o Papai Noel chegou, foi muito legal ver as carinhas delas.”
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Martim Grodiski, eletricista e dono de uma das casas mais iluminadas dos natais de Blumenau, na Itoupava Norte