O ministro responsável pelo relatório do processo do mensalão é o primeiro negro a vestir a mais importante toga do Judiciário brasileiro. Nascido no interior de Minas Gerais, primogênito dos oito filhos de um pedreiro e uma dona de casa, Joaquim Benedito Barbosa Gomes é considerado um dos mais implacáveis ministros do Supremo Tribunal Federal.

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Óculos de armação redonda à frente do rosto sisudo, cabeça calva no topo, conhecido pelas dores crônicas nas costas, Barbosa, 57 anos, sempre estudou em colégio público. Deixou Paracatu, cidade próxima à divisa com Goiás, para se formar em Direito na Universidade de Brasília (UnB). Fez mestrado e doutorado em Paris, adquiriu desenvoltura no alemão, inglês, francês e espanhol. Trabalhou na embaixada do Brasil na Finlândia e ingressou na década de 1980 no Ministério Público Federal, onde ficou até 2003, quando foi indicado ao STF por Lula.

Joaquim Barbosa é produto de sua biografia. Mescla hábitos simples, como o futebol com amigos e o preparo do próprio café da manhã, com gostos rebuscados. Aficionado por música clássica, ao ponto de arriscar notas no piano e violino, sempre que viaja à Europa recheia a agenda com concertos.

O temperamento na Corte, contudo, é alvo de ressalvas por parte de advogados – que se recusa a receber – e até mesmo dos colegas de Corte. De perfil liberal, atento aos anseios da opinião pública, Barbosa costuma provocar bate-bocas com colegas. Já discutiu com o ex-ministro Eros Grau e Cezar Peluso, mas foi a rusga com Gilmar Mendes, em 2009, que ganhou maior notoriedade.

– Vossa Excelência está na mídia destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro – disparou Barbosa, que espera preservar a imagem da Corte no julgamento que se inicia hoje.

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