Depois de semanas de confusão, as facções que disputam o poder na Líbia anunciaram um acordo para formar um governo de unidade nacional, mas nesta segunda-feira o Parlamento reconhecido pela comunidade internacional adiou a votação para aprovar o novo gabinete.

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O enviado da ONU para a Líbia, Martin Kobler, pediu aos membros da Câmara que apoiem o novo governo.

“É uma oportunidade única para a paz que não se pode deixar passar”, assegurou.

O Parlamento líbio deveria se pronunciar sobre a solução negociada, que tem como objetivo tentar tirar o país do caos e frear a ascensão dos jihadistas do Estado Islâmico (EI).

Desde a queda em 2011 de Muanmar Kadhafi, a Líbia está dividida em milícias rivais que lutam pelo poder. O país norte-africano, rico em petróleo, também se converteu em refúgio para os jihadistas do EI.

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Os deputados se reuniram na segunda-feira, mas decidiram rapidamente adiar a sessão para a terça-feira.

O parlamentar Khalifa al Deghari disse à AFP que antes de dar seu aval ao novo governo, os deputados querem “conhecer o programa e analisar o currículo dos ministros”.

O chamado Conselho da Presidência, auspiciado pela ONU e formado por facções rivais, anunciou no domingo uma nova composição do governo que agora precisará ser aprovada pelo Parlamento.

A nova proposta é um gabinete de 18 ministros em que Mahdi al Barghati, um militar próximo à administração líbia, reconhecida internacionalmente, ficaria com a pasta da Defesa, um dos cargos que mais dificulta as negociações, em particular pela oposição do poderoso general Khalifa Haftar.

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A aprovação do novo gabinete, dirigido pelo primeiro-ministro já designado, Fayez al Sarraj, seria um passo decisivo em direção à paz após meses de fracassos diplomáticos.

No domingo terminou o prazo de dez dias que o Conselho Presidencial, a entidade encarregada de formar o novo governo no âmbito do processo de paz, tinha para apresentar uma nova composição.

Em janeiro passado, a Câmara rejeitou uma primeira proposta de um governo de 32 membros, um número que considerou excessivo.

Gabinete de 18 ministros

“Esperamos que seja o início do fim do conflito na Líbia”, disse no domingo um de seus membros, Fathi el Mejebri, a partir de Sjirat, no Marrocos, onde ocorrem as reuniões do Conselho.

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Mas para consegui-lo, precisa-se primeiro que dois terços da Câmara votem o acordo em seu conjunto e depois aprovem por maioria simples a confiança no novo governo.

O governo reconhecido internacionalmente tem sede no leste da Líbia desde agosto de 2014 uma aliança de milícias, que inclui islamitas, tomou Trípoli, a capital.

Esta aliança criou sua própria administração e seu próprio Parlamento, denominado Congresso Geral Nacional (CNG). Um terço deste congresso aprovou em dezembro um acordo de unidade, mas seu voto não é necessário para o novo governo.

Os esforços internacionais para por fim ao caos são uma resposta ao auge do EI na Líbia, que já está implantado no Iraque e na Síria.

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“Espero que a Líbia possa ter um governo plenamente operacional muito em breve”, declarou nesta segunda-feira a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

O grupo jihadista controla a cidade costeira de Sirte, onde Kadhafi nasceu, e dali lançou ataques, inclusive suicidas, contra forças rivais que deixaram dezenas de mortos nos últimos meses.

O Ei também tenta tomar campos de petróleo deste país, com reservas estimadas em 48 bilhões de barris, a mais importante da África.

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