Depois de sete meses de viagem, o rover Perseverance da Nasa tentará pousar em Marte nesta quinta-feira, dia 18, em uma manobra perigosa que marcará o início de uma busca de vários anos para encontrar vestígios de vida antiga. A missão Mars 2020, que foi lançada da Flórida no final de julho, carrega o maior e mais avançado veículo já enviado ao planeta vermelho, o Perseverance.
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> Trailer mostra como será pouso da Perseverance em Marte; assista
Construído no lendário Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, ele pesa uma tonelada, está equipado com um braço robótico com mais de dois metros de comprimento, 19 câmeras e, pela primeira vez, dois microfones. O pouso poderá ser assistido ao vivo no site da Nasa.
Se chegar intacto, será o quinto rover a fazer a viagem desde 1997. Até agora todos eram americanos e um deles, o Curiosity, ainda está em operação. Mas na semana passada a China colocou na órbita de Marte a sonda “Tianwen-1”, que contém um robô controlado remotamente que deve tentar pousar entre maio e junho.
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Infográfico explica pouso do rover Perseverance em Marte


para cerca de 1.600 km/h.
de descida
o módulo de descida controlada se solta da estrutura do paraquedas.
Outras missões estão a caminho de Marte. As missões Tianwen-1 (China) e Hope (Emirados Árabes) devem começar a orbitar Marte a partir de fevereiro de 2021. A missão chinesa deve pousar em Marte em algum momento ao longo do ano, enquanto a Hope é uma sonda apenas orbitadora.
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ILUSTRAÇÃO PRINCIPAL: Pedro Cardenuto
DESENVOLVIMENTO WEB: Ângela Prestes
FONTE: Marcelo Schappo, Físico do IFSC
Perseverance quer identificar lagos e rios em Marte
Os cientistas acreditam que há mais de 3,5 bilhões de anos a cratera de Jezero abrigava um lago profundo com cerca de 50 km de largura. Na época, “Marte era muito semelhante à Terra em muitos aspectos. Tinha uma atmosfera significativa, lagos e rios, (…) lugares onde organismos que conhecemos poderiam ter prosperado. Estes são os únicos ambientes habitáveis que conhecemos além da Terra”, explica o geoquímico, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Ken Farley.
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Mars 2020 é a primeira missão com o objetivo explícito de provar que ali existiu vida. Perseverance, que se desloca três vezes mais rápido que os rovers anteriores, terá que percorrer, ao longo de vários anos, mais de 20 quilômetros em diferentes ambientes. Primeiro o delta formado por um rio que desaguava no lago na época, depois o que poderia ser sua margem e, por último, terá que escalar a borda da cratera.
Amostras do solo de Marte serão investigadas em busca de vida
Em cada local serão coletadas amostras – até 30 no total – que serão analisadas pelos mais avançados laboratórios da Terra em busca de possíveis vestígios microscópicos de organismos antigos. Os tubos contendo as amostras serão cuidadosamente preservados até que uma missão posterior possa coletá-los, na década de 2030.
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A ideia da Nasa é que as amostras sejam primeiro colocadas em um foguete e colocadas em órbita, para então serem recuperadas por outra espaçonave durante um encontro espacial.
Os cientistas que vão estudar essas amostras ainda estão na escola, podem nem ter nascido ainda
Ken Farley, geoquímico
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Como seria esse tão esperado traço de vida? “Não devemos esperar um dente fóssil, um osso ou uma folha”, alertou o cientista. Mas sim vestígios de vida microbiana. Uma descoberta que seria “fabulosa”. No entanto, os primeiros meses da missão não serão dedicados a este primeiro objetivo. Experimentos paralelos também estão planejados.
Nasa fará experimento inédito com Perseverance
Especificamente, a Nasa quer pilotar uma espaçonave motorizada em outro planeta pela primeira vez. Um pequeno helicóptero chamado Ingenuity terá que ser capaz de voar com uma densidade equivalente a 1% da densidade da atmosfera terrestre.
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Outro objetivo é se preparar para futuras missões humanas, experimentando a produção de oxigênio diretamente no local. Um instrumento chamado Moxie, do tamanho de uma bateria de carro, deve ser capaz de produzir até 10g de oxigênio em uma hora, sugando o dióxido de carbono da atmosfera marciana, como uma planta.
Este oxigênio poderia ser usado por futuros colonos humanos para respirar, mas também como combustível. A Nasa investiu cerca de US$ 2,4 bilhões para construir e lançar a missão Mars 2020. O custo de pouso e operações de campo é inicialmente estimado em US$ 300 milhões.