Confinado na zona de passageiros em trânsito do aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, o ex-técnico da Agência Nacional de Segurança Edward Snowden vive uma situação de incerteza que se assemelha a cada dia à da figura que é sua esperança de fuga: Julian Assange, o fundador do WikiLeaks.

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Ambos são considerados inimigos dos Estados Unidos por vazamentos de informações sigilosas, correm risco de extradição, estão entrincheirados e à mercê do humor de decisões internacionais.

Sem documentos para viajar – seu passaporte foi cancelado – Snowden pode esperar meses pela resposta ao pedido de asilo feito ao Equador por sugestão de Assange, que está há mais de um ano encerrado na embaixada do país latino-americano em Londres – o asilo de Assange demorou 60 dias para ser autorizado.

Apesar de demonstrar comprometimento em ajudar Snowden na sua fuga – assim como fez com Assange -, o Equador diz que o trâmite pode demorar. Mas, antes de o pedido ser processado, Snowden precisa chegar a território equatoriano.

O americano, que revelou a existência do programa de vigilância Prism, escondeu-se inicialmente em Hong Kong, e, no domingo, partiu para a Rússia com ajuda do WikiLeaks. Tinha reserva em um voo para Cuba, mas não embarcou.

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A Rússia confirmou que Snowden ficou no aeroporto, sem passar pela imigração. Com o passar dos dias, porém, a situação do ex-técnico permanece no limbo.

O Departamento de Estado americano advertiu ontem de que haverá “graves dificuldades” nas relações bilaterais se Quito conceder asilo ao ex-analista de inteligência foragido. O governo de Rafael Correa levantou o tom anunciando que renuncia a benefícios tarifários concedidos pelos EUA como compensação pelo esforço do país na sua luta antidrogas. Segundo Correa, o acordo estaria sendo usado para chantagear o governo a facilitar a atuação da polícia americana na captura de Snowden. Os EUA são o principal sócio comercial do Equador.

Ontem, o presidente Barack Obama, em visita ao Senegal, negou que enviaria caças para deter Snowden em um eventual deslocamento aéreo:

– Não vamos interceptar voos para capturar um hacker de 29 anos.