Em tragédias como a que ocorreu em Santa Maria, quando a união de esforços quase não dá conta do número de vítimas, a solidariedade e dedicação de cada um faz a diferença. Para ajudar na identificação dos mortos pelo incêndio na boate Kiss, os colegas Airton Carlos Kraemer, Liliane Scheinpflug, Ana Júlia Poletto e Ricardo Storchi viajaram mais de 600 quilômetros, ida e volta, para fazer a sua parte.

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Perito no Instituto Geral de Perícias (IGP) de Caxias, Kraemer estava de folga no domingo da tragédia. Assim que ficou sabendo do incêndio, começou a acompanhar os desdobramentos pela imprensa. Quando o número de vítimas passou dos cem, o perito tomou a iniciativa de ligar para alguns colegas, a fim de formar uma equipe e ir até a cidade. Os papiloscopistas Liliane, Ana e Ricardo atenderem ao chamado, e o grupo saiu pouco antes do meio-dia em direção à Santa Maria.

– Quando vi que o número de vítimas aumentava a todo momento, comecei a ligar para os colegas que não estavam no plantão, para não atrapalhar o andamento do trabalho por aqui. Os três atenderam e nós fomos – conta Airton.

Ao chegar no ginásio onde estavam os corpos, o grupo se integrou a quem já estava por lá, repassou os procedimentos e começou a trabalhar.

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– Somos acostumados a trabalhar com 2, 3, no máximo 4 cadáveres por vez. No primeiro momento foi um choque, mas logo começamos a trabalhar, a gente não tinha tempo para pensar naquilo – explica Liliana.

O grupo caxiense atuou na identificação de pelo menos 80 jovens. O procedimento da identificação pós-morte se chama necropapiloscopia, e é feito através da coleta e confronto de impressões digitais.

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A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

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Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.

Veja onde aconteceu

Imagem: Arte ZH

A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

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Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio

A festa

Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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