Superadas as dificuldades impostas pela crise nos últimos 30 meses, os negócios do Condomínio Perini Business Park, em Joinville, retomam o ritmo mais acelerado neste semestre. Agora, muitas empresas nacionais e estrangeiras analisam a possibilidade de se instalar lá. Há negociações com companhias da Alemanha, Suíça e Japão, além de várias brasileiras.

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— Temos pelo menos 20 negociações em andamento — afirma o CEO Marcelo Hack.

Os números impressionam quem visita e conhece a evolução do complexo multissetorial. O Perini tem geração de riqueza de R$ 4,3 bilhões por ano. Isso, por si só, o tornaria o 12o município mais rico do Estado. Lá trabalham 5,5 mil pessoas e 10 mil circulam diariamente lá dentro. No ano passado, 650 mil veículos passaram pelas suas instalações. Logicamente, com todo este poderio econômico, a sua influência política é enorme. Não é por acaso que o relacionamento com a prefeitura é super estreito.

— O que nos interessa é cada vez mais atrair empreendimentos com viés de inovação. Isso não quer dizer que outros tipos de negócios não sejam bons. Não temos preferências por tipo de indústria. Nossa vocação histórica é a diversidade, mas claro que olhamos com mais cautela para companhias com características mais poluidoras – diz Hack.

A grande novidade para 2018 no Perin, é a inauguração do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), prevista para o dia 5 de março. No novo endereço, alunos e professores vão respirar inovação, tecnologia e empreendedorismo num espaço único. Para Hackm, a universidade auxiliará na busca por empreendimentos com um viés maior em tecnologia. Ele acredita que que várias empresas do setor, com foco em inovação disruptiva, vão procurar o condomínio.

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A UFSC, por si só, ocupará 13 mil m2 – 9 mil m2 já estão construídos. Com a UFSC, o condomínio empresarial chegará a 300 mil m2 de área construída. O projeto todo tem 550 mil m2. E ampliações virão, no decorrer dos anos, orientadas a partir das demandas do mercado.

O Perini é relevante para a economia local, regional e estadual. Os 153 empreendimentos em operação – dezenas deles multinacionais – representam 20% do Produto Interno Bruto de Joinville e 2% de todo o PIB criado no Estado de Santa Catarina.

Os diferenciais a auxiliar a atratividade do condomínio também vêm de fora. Na avaliação dos executivos, a logística da região Norte de Santa Catarina é uma das melhores do País. O frete de São Paulo para o Rio Grande do Sul tem um valor, e, no sentido contrário, é bem inferior. Isso ajuda na competitividade. Internamente, a excelência da segurança é mais um fator positivo. O condomínio já oferece serviços diversificados: banco, restaurantes, farmácias, panificadora, entre outros.

Confira outras notas do Conexão Econômica deste fim de semana:

“Precisamos ter mais marcas brasileiras no mercado internacional”, diz Décio da Silva

(Foto: Andre Kopsch / divulgação)

Uma das multinacionais mais admiradas do Brasil, com fábricas em 12 países e filiais em 29, quase 30 mil empregos, a WEG, de Jaraguá do Sul entende dos desafios de competir globalmente. O presidente do conselho da companhia, Décio da Silva, analisou a falta de competitividade brasileira frente aos concorrentes e concluiu que dois gargalos pesam mais, os problemas trabalhistas e tributários. O grupo atua em cinco setores: motores elétricos, automação, energia, transmissão e distribuição e tintas. Segundo ele, as atenções em inovação estão mais focadas em veículos elétricos, energia limpa e internet das coisas. Leia os principais trechos da entrevista.

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Como o senhor analisa a retomada da economia brasileira?

A situação parece que parou de piorar. Alguns setores mostram que já têm algum crescimento. A indústria automobilística é um exemplo. Mas os investimentos ainda vão demorar um tempo para retomar e o crescimento baseado em investimentos é o mais estruturante.

Um grande desafio do Brasil é a questão da competitividade. O que preocupa mais?

O World Economic Forum publicou o ranking de competitividade dos países. Entre os 137 avaliados, o Brasil apareceu na posição 80, o México ficou na 51, a Índia em 40 e a China em 27. Falo também desses países porque eles são concorrentes da indústria brasileira. Porque o Brasil está na posição 80? Há vários pontos de falta de competitividade, mas dois são mais críticos: a tributação e a questão trabalhista. Esses dois itens são muito importantes na nossa competitividade. O Brasil precisa se inserir mais no mercado mundial porque hoje responde apenas por 1,2% das exportações globais. O agronegócio do país representa 5,1% das exportações mundiais, e a indústria de manufatura nacional apenas 0,6%. Então, no mercado mundial, a indústria brasileira é muito pequena.

De que a indústria necessita mais para avançar no exterior?

Para crescer precisamos de mais empresas exportadoras, precisamos ter mais marcas brasileiras no mercado internacional e ter mais empresas com fábricas lá fora. Mas como avançar se temos uma carga tributária de 33% enquanto na Índia é 12%, no México é 19% e na China é 20%? Como competir no exterior e até aqui dentro com essa falta de isonomia tributária? As condições para as empresas brasileiras são difíceis. Esse é o primeiro ponto. E o segundo ponto, em que somos muito fracos nesse ranking de competitividade, é na questão trabalhista.

O que preocupa na questão trabalhista?

Eu fiz uma pesquisa sobre o custo da mão de obra de empresas que estão no Brasil, México, China e Índia. O custo da mão de obra, se no Brasil é 100, na China e no México está na ordem de 50 e na Índia, na ordem de 30. Aí entram os salários mais os encargos. Os nossos encargos trabalhistas no Brasil são 70,8% do salário, na Índia, 27%, no México 41% e na China 47%. Esses valores foram calculados com base no dólar, por isso é custo real. É muito relevante para o investidor ver que a carga tributária é 33% no Brasil e 20% no México, que a mão de obra daqui é 100 e no México é 50.

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A reforma trabalhista vai ajudar?

É uma reforma que não coloca o Brasil no centro da competitividade, mas pelo menos, agora vai se valorizar as negociações entre as partes. A reforma não mexeu nada dos encargos. O que preocupa um pouco é essa discussão por parte do judiciário discutindo a adoção dessa reforma. E o que preocupa muito no Brasil frente ao resto do mundo são as reclamatórias trabalhistas. O TST informa que em 2016, tivemos 3,9 milhões de novos processos trabalhistas. Eu já vi pesquisas de que o Brasil tem 3% da população mundial e uma percentagem quase total das reclamatórias trabalhistas. Isso tem um custo enorme para as empresas. Ainda é um ponto fraco.

A reforma tributária também é urgente?

É preciso fazer com urgência essa reforma para começar a reduzir a carga tributária e ficar perto de 20%, como o México. Para reduzir a carga tributária é preciso um Estado menor e mais eficiente, a meritocracia deveria ser priorizada. Além disso, precisamos de privatizações O Estado não tem mais capacidade de investir.

O que deve ser privatizado?

Tudo! O governo deve se centrar no essencial que é a segurança, educação e saúde. É claro que temos que saudar os esforços de privatizar a Eletrobras. As empresas públicas não conseguem ser eficientes e competitivas. Então, temos que reduzir fortemente o tamanho do Estado. Nós ficamos à margem do mercado internacional com esse custo tributário. Para reduzir a carga tributária, é preciso reduzir os custos do setor público.

Temos eleição presidencial em 2018. Acredita que se for eleito um governo reformista, ele pode mudar essa legislação facilitando as exportações?

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A esperança é que o atual governo continue no esforço de fazer a reforma previdenciária e o próximo governo deve fazer a reforma tributária, que é fundamental para a inserção do Brasil no mercado internacional.

Doce negócio

Em novembro de 2014, Bárbara Pavesi Alvaides largou o emprego de gerente em uma loja e começou a vender brigadeiros na rua. Os doces fizeram sucesso e um ano depois a aspirante a empreendedora abriu uma confeitaria gourmet em Brusque, que também tem mini porções de tortas e outros doces e cafés especiais, todos com a assinatura da proprietária. Não levou muito tempo para a proposta despertar o interesse de investidores. Em 2016, a Petite Amie virou uma rede de franquias que já tem quatro unidades em Santa Catarina e planeja chegar a 20 até o fim do ano que vem, com um faturamento projetado de R$ 18 milhões. A expansão já começou a ser desenhada e vai contemplar outros Estados.

(Foto: Lucas Correia / Jornal de Santa Catarina)

Vigilância

Pomerode dá um importante passo na fiscalização da aplicação dos recursos públicos com a criação do seu Observatório Social, que será oficialmente lançado na segunda-feira. Chancelado por entidades representativas da cidade, o órgão vai monitorar gastos, compras e licitações lançadas pela prefeitura.

Geração de energia

A Urbano Agroindustrial, de Jaraguá do Sul, fundada há 57 anos, reúne negócios nas áreas da agropecuária, têxtil, fabricação de máquinas selecionadoras e embaladoras de grãos, e mais recentemente, entrou no no mercado de geração de energia elétrica. Com unidades em cinco Estados, emprega 1,2 mil funcionários. No principal negócio, a empresa processa 50 mil toneladas de produtos – como arroz e feijão – mensalmente, com uma movimentação de mais de 100 mil toneladas/mês e uma capacidade armazenada de 350 mil toneladas. Para se ter uma ideia do volume de arroz beneficiado, um dado curioso: o resultado em casca do cereal processado pela empresa, e transformado em energia em uma das unidades, seria suficiente para abastecer com luz elétrica uma comunidade de 28 mil residências com quatro pessoas, por um ano.

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Mobilidade

A prefeitura de Joinville relacionou 25 projetos de mobilidade urbana, surgidos a partir de workshop Mobility City Lab. As ideias vieram de profissionais ligados a diversas áreas deste segmento, e com o auxílio de especialistas alemães da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammernarbeit/GIZ; da University of Stuttgart; e da Sociedade Fraunhofer para a Promoção da Pesquisa Aplicada. Duas destas ideias, por exemplo, dão a ideia do que se pretende.

1) criar bolsões de estacionamento para carros e bicicletas no arredor de terminais de ônibus, garantindo-se segurança e oferta de serviços complementares às pessoas; e,

2) criar novo sistema de tarifas de ônibus, por zoneamento. Em dezembro, ficará pronto um caderno com o detalhamneto de todos os projetos.

Nanotecnologia

Uma startup catarinense desenvolveu inovação disruptiva que reduz a temperatura em ambientes fechados em até 40% e não agride o meio ambiente. Ela criou a Thermo-Off, uma proteção térmica reflexiva feita com nanotecnologia. Com aplicações múltiplas, a solução tanto pode ser usada em coberturas de empresas, silos e contêiners, quando em áreas menores como residências, oficinas, veículos e outras, reduzindo as temperaturas e, consequentemente, o consumo de energia.

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(Foto: Felipe Carneiro / Diario Catarinense)

A empresa de Gravatal, Sul de SC, onde foram feitas as pesquisas pelo físico Walterley Neves, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e o jovem engenheiro mecânico Marcos Rohden, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo o CEO Marcos Rohden, as primeiras experiências foram feitas em coberturas de oficinas mecânicas da Grande Florianópolis, mas as grandes empresas logo aderiram.

Mudanças climáticas

A indústria brasileira, por meio da CNI, participa na 23ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-23), que começou dia 6 e vai até dia 17 em Bonn, Alemanha. Além do engajamento da indústria nas causas ecológicas como a indústria 4.0, inovação em materiais e economia circular, um dos temas do Brasil é o desenvolvimento do mercado florestal. Isso é apontado como fundamental para o país cumprir a meta de reflorestar 12 milhões de hectares de florestas estabelecida no Acordo do Clima. Mas essa expansão enfrenta regulamentação burocrática e inibidora de inovação na área.

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