Mais de 50 substâncias que foram aprendidas em clínicas do coach de emagrecimento de Santa Catarina estão sendo periciadas pela Polícia Científica. Os itens estavam nas unidades de Balneário Camboriú e Joinville — cidade onde os trabalhos são executados por uma equipe formada por dois peritos criminais e um auxiliar de laboratório.
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Quem é o coach dono de clínicas de luxo em Balneário Camboriú e Joinville preso em operação
A identificação dos produtos é feita no laboratório de química forense, onde o medicamento é amostrado, preparado e analisado por técnicas de química analítica instrumental. Para isso, segundo Gisele Parabocz, perita criminal bioquímica, são utilizados os mais modernos equipamentos de análises adequados para cada tipo de necessidade de identificação.
Entre os aparelhos, destacam-se os cromatógrafos gasosos acoplado (técnica de separação e análise de misturas), espectrometria de massas (técnica para identificação de substâncias através da massa da molécula e íons) e espectroscopia de infravermelho (técnica para identificação de substâncias através da vibração molecular com radiação infravermelha).
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A especialista explica que as análises visam identificar o medicamento e comparar com a descrição do rótulo. Nos casos de adulteração e falsificação de medicamento, por exemplo, o produto pode conter princípio ativo diverso, concentração incorreta ou não conter nenhum ativo.
— Ainda há casos de medicamentos ditos naturais que possuem substâncias sintéticas, muitas vezes controladas ou até mesmo proibidas. Nesses casos, o paciente que utiliza esses produtos corre sérios riscos, pois pode nem saber o que está utilizando e sofrer com efeitos adversos e interações medicamentosas — destaca Gisele.
Ainda segundo a perita criminal bioquímica, ainda não é possível precisar quanto tempo os trabalhos devem demorar para ser concluídos, já que tratam-se de diferentes substâncias que exigem, por sua vez, diferentes técnicas, além da pesquisa científica. Ele define a investigação como “caso complexo”.
Veja fotos do trabalho dos peritos
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Coach segue preso
Preso preventivamente na última terça-feira (15), o coach de emagrecimento Felipe Francisco, de 39 anos, segue detido, conforme confirmou nesta sexta-feira (18) o delegado regional Rafaello Ross. O dono de duas clínicas de luxo instaladas em Balneário Camboriú e Joinville foi apontado pelo Ministério Público como chefe de uma organização criminosa que receitava medicamentos com prescrição médica falsa e fórmulas alteradas.
O esquema, segundo a promotoria, contava com participação de nutricionistas, médicos, biomédicos e até parentes do coach, incluindo a mãe dele. Esta é pelo menos a segunda vez que Felipe é preso. Em 2017, ele foi detido e, dois anos depois, condenado a oito anos de prisão pela Justiça do Paraná por atuar como nutricionista sem ter formação na área e vender medicamentos sem registro.
O empresário tinha uma clínica com outro CNPJ e, à época da prisão, a Polícia Civil havia informado que pacientes de Ponta Grossa (PR) passaram mal após usar os medicamentos. Na ocasião, ele cumpriu poucos meses de prisão e foi solto em medida cautelar.
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Já em Joinville, abriu outro negócio em uma área nobre da cidade, a F Coaching, que ocupa uma esquina e possui uma fachada de vidro. No local, chegou a atuar usando tornozeleira eletrônica e conseguiu abrir o novo espaço com a função de coach, sem a necessidade de formação ou registro profissional.
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A maior parte dos lucros da organização criminosa vinha da venda desses remédios. Para faturar mais, as receitas eram prescritas por um preço e se cobrava um valor mais alto por determinado remédio, porém nem sempre era utilizado o rótulo da receita, ou o composto era adicionado em menor quantidade.
O MP diz que esses medicamentos eram conseguidos de forma clandestina e a polícia diz que, em muitas oportunidades, eram comercializados fora do prazo de validade ou não refrigerados corretamente.
Até o momento, o total de presos pela “Operação Venefica” chegou a 10 e os investigados passaram para 29, conforme a última atualização da polícia. Todos supostamente atuam nos estabelecimentos que receitavam medicamentos com prescrição médica falsa e fórmulas alteradas.
As duas clínicas foram fechadas temporariamente, assim como farmácias de manipulação em Itapema e Balneário Camboriú, que foram apontadas como parte do esquema.
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