A perícia que ajudará na investigação das causas do incêndio que atingiu o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, em Palhoça, começou nesta sexta-feira (13). O documento deve apontar como começou o fogo que destruiu cerca de 800 hectares da maior unidade de conservação de Santa Catarina.

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O trabalho será realizado pelo Instituto de Criminalística (IC), setor do Instituto Geral de Perícias (IGP) que conta com um departamento especializado em perícias ambientais. Uma equipe multidisciplinar, formada por dois peritos e dois auxiliares criminalísticos, trabalhará na área, conforme explica o diretor do IC, Tiago Petry. O número de profissionais pode aumentar se houver necessidade.

— Foi um incêndio de grandes proporções, então neste primeiro momento será feito um levantamento estratégico. É um trabalho bem delicado para conseguir tentar se determinar o tamanho total dessa área atingida — explica Petry.

Por enquanto, não é possível saber quando a perícia será concluída. Petry conta que o trabalho envolve também fatores climáticos, que podem acabar impedindo a equipe de ir a campo. A chuva, entretanto, não compromete a avaliação do local periciado, de acordo com ele.

Procedimento será definido

A estratégia de atuação dos peritos será definida após a análise da área atingida. O coordenador estadual de criminalística, Ricardo Mori, explica que esse procedimento pode incluir a coleta de materiais que serão encaminhados ao Instituto de Análises Forenses do IGP.

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Elementos que podem ter acelerado a propagação do fogo e o tipo de gás expelido podem ser identificados por meio de exames, segundo Petry. Mesmo contando com uma equipe especializada em perícias ambientais, é a primeira vez que o setor tem de lidar com um incêndio florestal dessa proporção. No incêndio de 2012, que consumiu aproximadamente 800 hectares do Parque, o IGP não chegou a ser acionado para fazer perícia no local.

Perícia do IGP que investiga incêndio no Parque da Serra do Tabuleiro começa nesta sexta-feira
Materiais poderão ser coletados no local e submetidos à análise laboratorial, conforme o coordenador Estadual de Criminalística, Ricardo Mori (Foto: Gabriel Lain/Diário Catarinense)

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Perguntas a serem respondidas

O trabalho do IGP inicia a partir de uma solicitação enviada pela Polícia Civil. Neste documento, são elencados questionamentos que devem ser respondidos pela perícia e serão incluídos no inquérito. A investigação poderá apontar se o incêndio foi intencional, criminoso ou acidental.

O diretor do IC, Tiago Petry, explica que o documento possui cinco pontos que irão nortear o trabalho dos peritos: dimensão da área atingida; vegetação consumida e dano ambiental; origem e local exato em que o fogo começou e a causa e o motivo do incêndio; valoração do dano; e risco à vida e ao patrimônio.

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O primeiro ponto é o levantamento da área atingida. Depois, serão avaliados os danos ambientais para verificar a vegetação e os animais atingidos.

Os últimos três pontos são os mais importantes para a investigação policial, de acordo com o coordenador do Instituto de Criminalística. É a partir deles que será apontado como o fogo começou.

— Esse é um ponto bem delicado, não é fácil chegar a isso. É para tentar descobrir origem e causa. A gente diz tentar, porque nem sempre é possível descobrir. Muitas vezes o fogo vem e consome tudo. A gente trabalha com vestígios e, às vezes, é difícil localizá-los porque eles também são atingidos — explica.

Petry ressalta que o contato e a troca de informações com as equipes que estiveram no local é fundamental para o trabalho dos peritos. Nesta fase, é levado em conta o relato tanto dos bombeiros e policiais ambientais quanto dos próprios moradores.

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Riscos à vida e prejuízo financeiro

Outra pergunta do inquérito que deverá ser respondida após a perícia é em relação ao custo do incêndio. Tiago Petry conta que os peritos deverão dimensionar o prejuízo causado em termos financeiros, no quesito chamado “valoração do dano”.

Além disso, também será levado em conta prejuízo à vida e ao patrimônio. Petry explica que o risco a que os moradores foram submetidos, pelo fato de o fogo quase ter atingido as residências, também será considerado no documento entregue à Polícia Civil.

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