Uma semana após o início do incêndio que consumiu mais de 800 hectares do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, na Grande Florianópolis, peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) continuam em busca de respostas e explicações nas cinzas da maior reserva ambiental de Santa Catarina. Nesta terça-feira (17) pela manhã, foi feita a terceira perícia no local com o intuito de coletar informações para o inquérito da Polícia Civil que apura as causas do incêndio. Até o momento, a principal suspeita é de que tenha sido uma ação criminosa.

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O trabalho na região queimada do parque está sendo feito pelos peritos Maria Luiza Apolinário Cordioli, José Augusto Koerich e André de Farias. O foco deles está na área em que o fogo supostamente começou, com base nos relatos dos policiais e bombeiros que fizeram o primeiro combate ao incêndio, na terça-feira passada (dia 10). No local, os peritos fazem uma varredura a pé e também usam um drone para mapear a área com o auxílio de programas de geoprocessamento.

— Com base nos primeiros pontos de combate ao incêndio, buscamos traços do caminho que o fogo percorreu em árvores e troncos queimados, olhando a marcação das chamas e posição onde foi a queima desses troncos. Com isso, vamos seguindo o caminho contrário até o local onde o fogo começou — explica o perito André de Farias.

A análise da mata queimada uma semana depois mostra algumas características do incêndio que são destacadas pelos peritos. A vegetação rasteira e extremamente seca fez com que as chamas se espalhassem muito rápido com o vento, o que tornou o combate ao incêndio muito mais difícil, mas, por outro lado, reduziu o dano ambiental.

Os peritos apontam que o fogo queimou a mata de forma “superficial”, consumindo a vegetação baixa muito rapidamente e seguindo pela floresta. Desta forma, árvores maiores não sofreram tanto dano e até mesmo a vegetação rasteira não chegou a ser atingida na parte mais profunda, nas raízes, e dias depois do fogo já é possível enxergar verde nascendo em meio às cinzas.

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— O material consumível aqui foi essa própria vegetação muito seca, que queimou muito rápido. Não tem um outro acelerador (como algum líquido combustível). Foi queimando muito rápido, sem ter tempo de causar um dano mais profundo — destaca o perito.

Além de varreduras por terra, os peritos usam um drone para mapear a área do incêndio (Foto: Gabriel Lain / Diário Catarinense)

Perguntas que o inquérito deve responder

O laudo que o IGP deve terminar nas próximas semanas com o resultado das perícias deve trazer respostas para perguntas feitas pelo delegado responsável pela investigação. São cinco pontos principais: qual foi a extensão do dano, se é possível dizer onde o fogo começou e qual o motivo, se há indícios de autoria, qual foi o risco para propriedades e pessoas (se o fogo chegou muito perto de casas ou moradores) e o tamanho do dano ambiental.

Com base nos rastros do fogo a equipe já conseguiu determinar uma área inicial para o incêndio — que fica perto da Estrada do Espanhol —, mas detalhes a respeito de causas e autoria só serão divulgados depois da conclusão do inquérito por parte da Polícia Civil.

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Em relação ao dano à fauna e flora do parque, os peritos apontam que durante as varreduras não encontraram nenhuma carcaça de animal morto. O fogo foi tão rápido em alguns pontos que até mesmo formigueiros permaneceram intactos no meio da vegetação queimada.

A expectativa do IGP é concluir o laudo da perícia na semana que vem. Depois disso a investigação da Polícia Civil deve atuar na busca por possíveis responsáveis pelo incêndio.

Dias após o incêndio já é possível encontrar verde nascendo no meio das cinzas (Foto: Gabriel Lain / Diário Catarinense)

O Incêndio

Maior reserva ambiental de Santa Catarina, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro teve mais de 800 hectares consumidos pelo incêndio florestal que atingiu a unidade entre terça e quarta-feira da última semana (dias 10 e 11). O incêndio ocorreu na área do parque que fica na Baixada do Maciambu, em Palhoça, entre a BR-101 e a região da Praia do Sonho.

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Na terça-feira o fogo se aproximou de residências e exigiu combate árduo dos bombeiros para evitar que casas fossem atingidas. Com os primeiros focos contidos, na quarta-feira mudanças no vento e o tempo seco favoreceram o avanço das chamas para o interior do parque. O incêndio se alastrou rapidamente durante toda a quarta-feira e exigiu a mobilização de 292 agentes de Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Defesa Civil e Instituto do Meio Ambiente (IMA), além de dois helicópteros e muitos voluntários. Somente por volta das 23h de quarta-feira os bombeiros consideraram o incêndio contido.

Confira no mapa os pontos principais do incêndio:

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