Pouco mais de dois meses após o rompimento de um reservatório da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) deixar o bairro Monte Cristo, em Florianópolis, debaixo d’água, a Polícia Científica apresentou na terça-feira (21) os resultados da perícia à Comissão Mista da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) criada para investigar o caso. A conclusão é de que houve “falha clara” na construção do tanque.
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O caso ocorreu em 6 de setembro, quando dois milhões de litros de água vazaram durante a madrugada, atingindo 498 pessoas e inundando 15 vias do bairro. No total, 65 imóveis foram atingidos, sendo que sete tiveram que ser demolidos. Duas pessoas ficaram feridas.
Segundo o perito Cassiano Fachinello Bremm, superintendente regional da Polícia Científica em Florianópolis, não foram encontradas falhas evidentes no projeto do reservatório, e sim na execução da obra, feita pela Construtora Gomes & Gomes Ltda.
— Houve falha clara de execução do projeto, especialmente na armadura de ligação dos pilares com as cortinas de concreto — disse Bremm.
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A falha que seria a principal causa do rompimento, conforme relatado pelo perito, estaria nos estribos, que teriam sido executados de forma errada, com diâmetro menor e espaçamento maior do que o previsto no projeto, e nas barras de negativo, que deveriam ser de 16 milímetros a cada 15 centímetros, mas não foram encontradas durante a perícia da Polícia Científica.
Sobre a qualidade do concreto utilizado no reservatório, Bremm informou que o material analisado em laboratório apontou resultados não satisfatórios com relação à resistência. Mas, para a perícia, mesmo com resistência mais baixa, a qualidade do concreto não seria a causadora do rompimento.
Houve, ainda, falha na fiscalização:
— O erro seria facilmente identificado.
A perícia compõe o inquérito da Polícia Civil e da Polícia Científica para investigar o caso. A análise verificou a dinâmica do rompimento e os danos resultantes, a causa determinante do rompimento, a indicação da autoria para fins de responsabilização e a colaboração com demais forças policiais. Na conclusão, não foram constatados crimes ambientais, porém foram confirmados os danos materiais, inclusive ao patrimônio público.
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Comissão tem 60 dias para conclusão dos trabalhos
Criada no dia 11 de outubro, a Comissão Mista da Alesc tem um prazo oficial de 60 dias para concluir os trabalhos. No dia 28 de novembro, o diretor-presidente da Casan, Edson Moritz Martins da Silva, será novamente convidado a comparecer. Também serão chamados representantes da comunidade do Monte Cristo e do Movimento de Atingidos por Barragens – MAB.
Deve ser definida ainda data para a participação de profissionais da Construtora Gomes & Gomes Ltda., responsável pela obra do reservatório.
A Comissão é composta pelos deputados Ivan Naatz (PL), presidente; Marquito (Psol), vice-presidente; Mário Motta (PSD), relator; e pelos deputados Maurício Peixer (PL) e Antídio Lunelli (MDB) como membros.
Procurada pelo NSC Total, a Casan informou que vai se posicionar quando houver a finalização da investigação. “O trabalho da Polícia Científica faz parte desse processo e não há uma conclusão ainda da investigação. Há pelo menos duas frentes principais de investigação. Uma delas é um inquérito aberto pela Polícia Civil e Polícia Científica, e a outra frente caberá ao Ministério Público de Santa Catarina”, diz a nota da companhia.
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