As equipes de busca e salvamento na Argentina seguem à procura do avião que está desaparecido desde quarta-feira (6), ocasião em que levava três brasileiros, todos eles moradores de Florianópolis, em um voo que cruzava a fria região da Patagônia, no extremo sul do país. de acordo a Companhia Aérea Argentina de Navegação (EANA S.E), as más condições do tempo tem dificultado as buscas pela aeronave, que seguem ocorrendo por terra e mar. 

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Na ocasião do desaparecimento, a aeronave de pequeno porte havia partido de El Calafate, na província de Santa Cruz, na manhã de quarta, com destino à cidade de Trelew, também no sul argentino, mas um pouco acima no mapa, em uma província vizinha, de Chubut.

O trio do avião estava na Argentina a passeio para encontros com outros fãs de aviação. No fim de semana anterior ao desaparecimento, eles estiveram na celebração do aniversário de um aeroclube de Comodoro Rivadavia, cidade litorânea também na província de Chubut. Depois disso, os brasileiros decidiram então viajar para mais ao sul da Patagônia, até El Calafate, onde visitaram outro aeroclube.

Na viagem de volta a Chubut, a aeronave partiu junto com outros dois aviões, um deles também de brasileiros, que chegaram ao destino final. Já o avião agora desaparecido fez um último contato com um centro de controle de Comodoro Rivadavia na tarde de quarta, quando foram iniciadas as buscas.

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Abaixo você pode conferir uma série de perguntas e respostas elaboradas pelo Diário Catarinense para entender o que já foi e o que não foi esclarecido sobre o caso, além das razões para isso.

Quem estava no avião desaparecido?

Estavam a bordo do avião o dono dele, Antônio Carlos Castro Ramos, empresário do ramo da construção civil de Florianópolis, junto de dois amigos, o advogado advogado Mário Pinho e o médico Gian Carlos Nercolini, conforme confirmaram familiares ao G1 SC.

Quem estava pilotando na ocasião do desaparecimento?

Antônio Ramos pilotava o avião, ainda de acordo com familiares. Ainda que possa existir alguma dúvida quanto a isso, os três eram habilitados para pilotar e eram proprietários de aeronaves baseadas no Aeroclube de Santa Catarina, localizado no município de São José, na Grande Florianópolis.

Qual é o avião?

É uma aeronave modelo RV-10, de pequeno porte. Ela foi fabricada pela Flyer Indústria Aeronáutica em 2016 e pesa 1224 kg.

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Avião de modelo semelhante ao que está desaparecido
Avião de modelo semelhante ao que está desaparecido (Foto: Wagner Eduardo/JetPhotos)

Há algo irregular com o avião?

Não. Ele era registrado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) com a matrícula PP-ZRT. A aeronave não possuía autorização para táxi aéreo, o que não era o caso, no entanto, da viagem entre amigos na ocasião do desaparecimento.

Afinal, o que aconteceu com o avião?

As autoridades argentinas à frente das buscas não comunicaram nem estimaram o que pode ter ocorrido com o avião.

A única hipótese até aqui foi levantada por Freddy Vergnole, que preside um aeroclube em El Calafate. Ele esteve com o grupo antes da decolagem e conversou com o piloto de um outro avião que percorreu o trecho na ocasião. 

Segundo ele afirmou ao jornal argentino Diario Jornada, por conta das condições meteorológicas na ocasião do desaparecimento, houve formação de gelo nos aviões que passaram pela região de Comodoro Rivadavia naquela altura, situação para a qual um avião pequeno não está adaptado.

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O gelo se acumula nas asas e produz peso sobre a aeronave, além de poder danificar o motor, exigindo habilidade e rapidez do piloto para se desvencilhar da situação.

> Infográfico explica fenômeno de formação de gelo em aviões

Então o avião caiu?

Não é possível dizer isso neste momento, uma vez que não foram encontrados destroços da aeronave. Pode ter ocorrido, por exemplo, um pouso forçado dos tripulantes. Por isso as autoridades da Argentina tratam o caso até aqui como um desaparecimento.

O trio de brasileiros sabia das condições desfavoráveis?

Sim, também segundo revelou Vergnole. O grupo decolou já ciente de que as condições meteorológicas de Comodoro Rivadavia a Trelew eram desfavoráveis e previu, como alternativa em seu plano de voo, uma parada em Puerto Deseado, ainda na província de Santa Cruz, antes do trecho considerado problemático na ocasião.

No entanto, os três aviões que partiram de El Calafate desistiram da ideia de parar no meio da rota e decidiram ir direto a Trelew, o que apenas dois deles conseguiram cumprir, segundo afirmou o presidente do aeroclube à NSC TV.

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Por que o avião ainda não foi encontrado?

Isso se deve, principalmente, a dois motivos: um equipamento que auxiliaria na localização da aeronave em caso de acidente não foi acionado até então e as condições metereológicas têm sido desfavoráreis paras as buscas, segundo indicou até aqui o órgão local que controla o tráfego aéreo argentino, a Empresa Argentina de Navegação Aérea (Eana), também à frente da procura.

O primeiro fator trata do transmissor localizador de emergência (ELT, na sigla em inglês), que é acionado pelo impacto de uma eventual queda ou pode ser ativado manualmente pelo piloto. O aparelho transmite sinais que podem ser capturados por uma base aérea, o que auxilia órgãos de busca e salvamento, e tem uso requisitado pela Anac em aeronaves civis, caso do avião agora desaparecido.

Quanto ao clima, a região onde as buscas se concentram, ao redor de Comodoro Rivadavia, tem tido céu encoberto e fortes chuvas desde quarta, o que compromete a visilidade local e atrapalha, principalmente, a busca aérea. Neste sábado (9), a Eana mostrou, em foto, que até a visão a partir do solo era ruim, e o Serviço Meteorológico Nacional (SNM), a agência estatal que faz prognósticos no país, havia dado alerta laranja para as chuvas na cidade, terceiro nível de risco em sua escala.

Como funcionam as buscas?

A operação de procura se divide com trabalhos pelo ar, pelo mar e por terra. Estão mobilizados nisso a Força Aérea Argentina, a Prefeitura Naval Argentina, autoridade marítima no país, a Armada Argentina, braço naval das Forças Armadas locais, e a Defesa Civil de Chubut, com aeronaves, embarcações e veículos terrestres.

O Brasil tem equipes mobilizadas nas buscas?

Não. Em comunicado à NSC TV, a Força Aérea Brasileira (FAB) reiterou que, em cumprimento aos acordos internacionais de aviação, as buscas ficam a cargo das autoridades da Argentina, onde ocorreu o desaparecimento.

“Caso seja confirmada uma ocorrência aeronáutica envolvendo a aeronave, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) será informado e designará um representante acreditado para acompanhar os trabalhos de investigação, que também serão conduzidos pela autoridade investigadora argentina”, escreveu a FAB.

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